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    Trabalhar Cansa
    Críticas AdoroCinema
    4,0
    Muito bom
    Trabalhar Cansa

    Gêneros unidos

    por Lucas Salgado

    A dupla Marco Dutra e Juliana Rojas integra o grupo de jovens cineastas responsáveis pelo chamado "novíssimo cinema brasileiro", tendo inclusive participado do filme-coletivo Desassossego (Filme das Maravilhas). Pelo fato de contar com uma estrutura narrativa mais convencional em relação à obras como Os Monstros ou A Alegria, Trabalhar Cansa parece até um pouco de lado com relação às produções "novíssimas". Mas isso é algo que não deve acontecer, não só pelo fato de que seguir uma linha estrutural não pode ser visto como defeito, mas principalmente por trazer uma série de ideais do movimento. O principal deles é justamente a junção de gêneros cinematográficos.

    Se em A Fuga da Mulher-Gorila, de Felipe Bragança e Marina Meliande, brinca-se com os gêneros road movie e musical, em Trabalhar Cansa une-se elementos do suspense/terror e do drama social.

    A história gira em torno de Helena, uma dona de casa que resolve abrir um minimercado. Tudo vai bem até seu marido, Otávio, perder o emprego. A mulher não desiste da ideia de abrir a loja, contando com o apoio do marido, o que não significa que o casal não sofrerá um abalo. A partir daí, Helena terá que lidar com o fato de ser a responsável por colocar a comida na mesa da família, pressão que irá levá-la a ser muito dura com seus empregados.

    A trama também envolve misteriosos acontecimentos no mercado, criados a partir de um interessantíssimo clima de suspense. Mas é melhor não dar muitos detalhes e deixar você, leitor, se surpreender ou se envolver por conta própria.

    Exibido na mostra Un Certain Regard, no Festival de Cannes 2011, Trabalhar Cansa é uma ótima estreia de Marco Dutra e Juliana Rojas na direção de longas metragens. Eles já haviam realizado vários curtas premiados, como As Sombras, mas é no novo filme que demonstram seus potenciais.

    Impossível falar sobre a produção sem tratar das atuações de Helena Albergaria e Marat Descartes, que dão vida à Helena e Otávio. Ainda desconhecidos no cinema, os dois se entregam de forma impressionante aos personagens. Descartes, inclusive, tinha tudo para criar um Otávio caricato, como o homem triste que perdeu o emprego e não consegue mais sustentar sua família, mas acaba desenvolvendo um personagem muito mais complexo.

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