Tem seu público
por Renato HermsdorffJames Wan já assustou muita gente. Se você concorda com essa frase, A Casa dos Mortos é o seu tipo de filme. Não está ligando o nome à pessoa? Diretor de Jogos Mortais, Gritos Mortais, Sobrenatural (um e dois) e Invocação do Mal (um e dois), o produtor de Annabelle, ele também investe na mesma função neste A Casa dos Mortos, do qual também é roteirista. E alguém duvida de que o novo filme vai virar uma franquia? Bom, o futuro da obra, é claro, às bilheterias pertence.
O filme dirigido pelo desconhecido Will Canon (não se engane, James Wan é o pai) pode ser encarado como uma tentativa caça-níquel de iniciar uma nova cinessérie, mas também tem o seu valor, para quem gosta do gênero. Apesar de quase todos os diálogos serem risíveis e das situações beirarem o ridículo, a história geral é bem amarrada. (Bem, mais ou menos).
A trama original (advinha de quem?) de Wan tem como pano de fundo um massacre ocorrido em determinada casa (ela mesma, a do título). Cinco adolescentes foram brutalmente assassinados dentro do prédio por uma amiga de escola depois de invocarem um ritual satânico.
Anos depois, um grupo de jovens, liderado por uma equipe de “caça-fantasmas” resolve revisitar a casa a fim de reconstituírem os eventos da noite fatídica para um documentário. E não é que (tádá) um novo e fatal evento acontece com (parte) do grupo. Caberá ao detetive Mark Lewis (Frank Grillo) e à psicóloga Elizabeth Klein (Maria Bello), interrogarem um sobrevivente do segundo atentado, John (Dustin Milligan), para desvendar o caso.
Assim, o filme começa do final, com o espectador desvendando os mistérios lado a lado dos policiais. A estrutura da montagem funciona bem, porém as informações são apresentadas com um didatismo quase infantil. Há um personagem entre os estudantes para explicar as teorias macabras, por exemplo. Parte da história é contada por meio de flashbacks, de imagens caseiras captadas para o doc. dentro do filme que, quando recuperadas, lembram o estilo fake vérité de A Bruxa de Blair.
O problema é que a trama teen respinga mais clichê do que sangue na cadeira do cinema. John, o sobrevivente, é atormentado pela morte da mãe, mas ele tem uma relação com a casa e, por isso, é convencido pela namorada a participar do documentário, dirigido pelo ex-namorado dela, um playboy antipático.
É tão batido, que o espectador deixar de acreditar até no previsível desfecho que se anuncia. E é aí que está o pulo do gato (preto) de Wan. (Cuidado, risco de spoiler). O realizador surpreende (?) com uma reviravolta. Porém, que se dá a partir de pistas falsas. Um recurso questionável, mas que certamente tem seu público.