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    Horizonte Profundo - Desastre no Golfo
    Críticas AdoroCinema
    3,0
    Legal
    Horizonte Profundo - Desastre no Golfo

    Hollywood sendo “Hollywood”

    por Renato Hermsdorff

    No início de Horizonte Profundo - Desastre no Golfo, a filha pequena de Mike Williams (Mark Wahlberg) ensaia a apresentação da escola que tem como objetivo discorrer sobre o trabalho do pai. É uma forma até criativa de introduzir a profissão do personagem, que trabalha em uma plataforma de petróleo – e que se presta, também, a predizer o desastre que vem pela frente –, mas também um tanto esquemática.

    O momento resume o clima geral do filme de Peter Berg (Hancock). Uma produção que surpreende pela riqueza de detalhes com que reconstrói a tragédia, mas também um tanto presa a fórmulas, o que pode dificultar a experiência de imersão do espectador. É o formato de roteiro clássico, em três atos, usado para recontar a história real do dia em que a plataforma Deepwater Horizon (título original do filme) explodiu em 2010 no Golfo do México, nos Estados Unidos, deixando 11 mortos e um rastro de destruição ecológica sem precedentes na história da extração do óleo.

    O que interessa, para o diretor, é combinar a reconstituição técnica, em si, do ocorrido, com o drama pessoal daqueles trabalhadores. Nessa intenção, a primeira parte da obra tem como função, apresentar os laços de ligação entre os personagens. E, num segundo momento, remontar a sequência de fogos, explosões e lama jorrando o linguajar especializado na poltrona do público. Há um desequilíbrio.

    O tour de force das sequências de explosões é executado de forma impressionante, quase documental, a partir da opção por uma câmera tremida que, no entanto, permite que se acompanhe os eventos com clareza (Peter Berg é um anti-Michael Bay nesse sentido). E, embora fuja da discussão ecológica – imprescindível quando se trata do episódio, apenas pontuada no momento em que uma ave coberta de óleo invade uma embarcação –, a produção não hesita em culpabilizar os reais responsáveis pela desgraça (a saber, em última instância, a ganância dos executivos da toda poderosa British Petroleum, personificada aqui na figura de Donald Vidrine, papel de John Malkovich).

    Já a exploração das relações interpessoais soa hollywoodiana demais – o tipo forçado do herói que salva a mocinha “desativando a bomba no último segundo”. É emocionante, fruto de um ritmo acelerado que não deixa a audiência respirar. Entretenimento despretensioso, mas também esquecível.

    Filme visto no 41º Toronto International Film Festival, em setembro de 2016.

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