Círculo de Fogo ou como eu prefiro chamá-lo Pacific Rim, é uma ode a cultura NERD, há tudo lá, robôs gigantes que por mais absurdo que seja as estruturas analíticas explicando sua existência e funcionamento, elas possuem cunho científico plausível e o design dos robôs são visualmente espetaculares, monstros absurdamente belos e assustadores que deixaria qualquer fã de jogos de RPG de horror baseados nas obras de H.P. Lovecraft boquiaberto e abismado, e por fim, os efeitos em CGI mais bem empregados e contextualizados que já vi num blockbuster, lógico que depois de O Senhor dos Anéis e se igualando ao Star Trek: Into the Darkness.
As lutas épicas entre os monstros gigantes (Kaijus) e os robôs gigantes (Jaegers), levam o armagedom completo em qualquer território que elas sejam travadas, sejam nas cidades, no espaço ou no fundo do mar, sinceramente é algo excitante de se ver e o 3d está fabuloso. Guillermo del Toro é um dos poucos cineastas contemporâneos que são imaginativos, pragmáticos e porque não intuitivo do cinema pipoca feito hoje em dia, suas obras possuem qualidades absurdas de termos técnicos que transformam um filme neste segmento em algo emocionante e divertido de se ver, sem a poluição visual que cineastas como Michael Bay adoram empregar. O único defeito deste filme são as atuações que estão em certos momentos patéticas e caricatas, mas o filme deixa claro quem são os verdadeiros protagonistas, que com certeza não são os atores, e sim os Kaijus e os Jaegers.
Guillermo del Toro deixa de lado o aspecto documental que já se transformaram padrão nos filmes catástrofes feitos hoje em dia, com suas câmeras tremidas e clima de tensão forçado para quebrar todo o sentido de ilusão, ele dá o que esperamos de um filme desta temática, diversão despretensiosa.
O bom de Pacific Rim é que este filme não é um daqueles que enaltecem a cultura bélica e o pseudo patriotismo dos EUA e de sua sociedade, os colocando como salvadores do mundo, mas enaltece o trabalho em grupo, a unificação entre as nações diante de uma grande ameaça, e todos os países possuem algum talento específico para a realização de uma função, algo que é posto sem ser um estereótipo voltado para o sentido pejorativo, como faz inúmeros blockbusters estadunidenses que saem todos os anos.
Guillermo del Toro já nos disse em sua filmografia, que o seu forte são filmes mais dramáticos com temática fantasiosa inserida no universo de terror, e filmes como Pacific Rim e Hellboy são apenas obras concebidas despretensiosamente, até porque nestes filmes ele não se preocupa com os clichês e deixa claro também a sua intenção de se fazer uma grande homenagem a estes personagens que ajudaram a criar sua arte, esta vista com mais enfase e complexidade, onde ele participa da produção, criação dos efeitos práticos que envolvem animatronic e maquiagem, criação dos efeitos visuais, roteiro e direção, como nos filmes Cronos, A Espinha do Diabo e O Labirinto do Fauno.
Em Pacific Rim, del Toro faz uma singela e magnífica homenagem aos animes japoneses como Evangelion e aos filmes do mestre japonês Ishirô Honda, e também a todas séries de TV que tinham os Kaijus como protagonistas como Ultramen, Power Ranges e etc. Este filme é lindo de se ver!