Impossível não se lembrar das clássicas séries japonesas (Jaspion, Changerman, entre outros) que traziam heroicos soldados que controlavam enormes robôs para digladiarem com monstros gigantes. Como não recordar de Godzilla, o enorme lagarto que destruía cidades? A tecnologia que combate criaturas alienígenas pode ser a principal atração para os jovens de hoje em dia, mas o maior trunfo de "Círculo de fogo", o novo longa do competente Guillermo Del Toro, é trazer nostalgia dos anos 80 aos trintões.
A trama mostra uma invasão de enormes alienígenas (Kaiju) à Terra, mas, ao invés dos bichões virem do espaço, como na maioria dos filmes desse tipo, eles surgem do fundo do mar por meio de um portal que se abre numa fenda no Oceano Pacífico, o famoso círculo de fogo. Para combater as criaturas que emergem da água salgada, a população mundial se uniu para criar uma organização, que fabrica robôs gigantes de alta tecnologia nomeados de Jaegers, para combater essas ameaças.
"Círculo de fogo" é convencional, previsível, repleto de clichês da ficção científica no que diz respeito as invasões alienígenas à Terra e, mesmo assim, o filme é uma das produções mais legais de 2013. Por mais que o produto seja 'mais do mesmo', a exigência do conteúdo frente a proposta do longa se abranda quando a seriedade dá lugar ao entretenimento despretensioso, o que me faz avaliar mais a performance técnica da realização do que o grau de criatividade dramática.
Quando se trata de entretimento, Guillermo Del Toro é especialista no assunto, vide sua boa filmografia: "Mutação", "Hellboy" (1 e 2), "Blade 2" e a fantástica crônica sobre a Segunda Guerra Mundial "O labirinto do fauno". O diretor tem demonstrado vigor para esse tipo de cinema e com "Círculo de fogo" ele se firma como um dos melhores cineasta nesse segmento na atualidade. Seus filmes podem aspirar algum tipo de convencionalismo, mas é nítido o esforço para que o trabalho fique bem feito e isso deve-se levar em consideração.
O que Del Toro fez não foi apenas brincar com engenhocas tecnológicas e manipular grandes cenas de ação com efeitos visuais impressionantes, mas homenagear àquela ideia dos animes e seriados orientais que profetizaram pautas fantásticas para o cinema norte-americano. O diretor não só trouxe nostalgia como soube equilibrar todos os ingredientes do gênero e trabalhou os clichês de maneira inteligentemente divertida.
O roteiro tem lá seus furos e absurdos, mas percebe-se que há uma preocupação em expor uma narrativa coesa ao desenvolver bem as situações (para quase tudo existe explicação). Se há um e
quívoco em "Círculo de fogo" é o de detalhar demais os robôs, algo semelhante ao que aconteceu em "Transformers". São tantas engrenagens, peças e informações que ficamos, em certos momentos, com o olhar cansado de tanto deslumbre. No entan
to, isso não influencia no resultado final e não tira os méritos da produção que é uma das mais cools de 2013.