Ben Affleck sempre foi uma figurinha que causava certos questionamentos em Hollywood. Ele já participou de ótimos filmes, como é o caso de Gênio Indomável (no qual ganhou o Oscar junto com o Matt Damon por melhor roteiro) e Atração Perigosa (filme no qual dirigiu e protagonizou, igualmente à Argo). Mas por outro lado ele já protagonizou filmes massacrados pela crítica, clássico caso de Demolidor – O Homem Sem Medo. Então quando saiu a notícia de que ele iria dirigir e protagonizar um filme de alto escalão e de um assunto tão difícil quanto Argo todos ficaram extremamente desconfiados sobre o resultado final. Quando o filme chegou aos cinemas brasileiros em novembro do ano passado eu posso afirmar que, todos que tem o mínimo bom senso cinematográfico, concluíram que o Ben Affleck concluiu o seu trabalho com maestria.
A história verídica narra o plano da CIA para libertar seis diplomatas americanos que estavam vivendo em sigilo na casa de um diplomata canadense que mora no Irã. Isso porque eles conseguiram fugir (muito dificilmente) da embaixada americana no Irã durante uma invasão de protestantes islâmicos. Ninguém tinha a mínima ideia de como fazer isso, já que a segurança e a desconfiança sobre estrangeiros (principalmente americanos) no Irã estavam altíssimas. Então surge o Tony Mendez (Ben Affleck) com a ideia de chegar ao Irã sobre uma nova identidade (agora canadense) com a proposta de filmar um filme falso, e assim poder libertar os seis americanos do país. O nome do filme falso que iriam rodar era “Argo” (daí o nome do filme original), e ele falava sobre lutas interestelares e outras coisas fictícias. Precisando de cenários exóticos para filmar, Tony vai até algumas pessoas importantes do Irã para poder ter permissão para filmar em lugares exóticos do país.
Com a ajuda de diversas entidades de segurança americana e de alguns figurões de Hollywood, o filme continua com essa jornada tensa e perigosa para libertar apenas esses seis americanos. Mas com a soltura desses seis outros tantos serão soltos, todos estavam presos no Irã por questões políticas.
(Como o filme é cheio de detalhes geográficos e históricos me perdoem por qualquer erro sobre o enredo em si, e também pelo não aprofundamento na história).
Apenas com esse breve resumo já deu pra notar as proporções quase épicas desse filme. Então agora aquela certa desconfiança sobre o Ben poderia ser explicada. Mas como eu já disse no início o Bem concluiu o seu trabalho de forma magistral. Sua direção é pulsante, aprofundada nos detalhes corretos e com uma carga dramática nos momentos corretos. Se no começo do filme ele pode parecer parado e sem graça um pouco mais a frente vocês podem ver o alto nível emocional presente nele. Diversas cenas filmadas no Irã são altamente tensas e prendem nossa atenção, fazendo com que fiquemos presos a história desses seis diplomatas e que torcemos por eles até o fim. Outra característica marcante e magistralmente introduzida no filme pelo Ben é a utilização de diversas sequencias de animação e algumas reportagens e matérias reais, exibidas no tempo em que tudo aquilo realmente aconteceu. Isso faz com que nos aprofundemos ainda mais sobre o que os islâmicos e os americanos pensavam sobre o tema.
O roteiro, mesmo com tantas “pontas soltas” e detalhes marcantes e decisivos, aparece na tela de uma forma perfeita! Mesmo que por alguns momentos o filme pareça confuso não demora muito para entendermos o perfeitamente. O aprofundamento sobre diversos detalhes políticos e históricos é perfeito, fazendo com que fiquemos a par de tudo o que aconteceu realmente. As atuações também estão de parabéns. O Ben Affleck se sai muito bem no papel do Tony, mas ele continua sendo melhor como diretor. A escalação coadjuvante não deixa a desejar, interpretando seus papeis com carga emocional na medida certa e de uma forma bem convincente. Destaque, é claro, para o ótimo Alan Arkin!
Uma produção notável tanto por sua qualidade artística como por seu grande conteúdo histórico: assim pode ser classificado Argo. O filme contem momentos cheios de “educação histórica”, mas também tem lugar garantido para altas doses de adrenalina e tensão, fazendo assim com que o filme se torne indispensável para qualquer um que adore uma obra divertida e ainda assim artística e com muito conteúdo.