A Árvore do Amor: Crítica AdoroCinema

Quem é fã dos últimos filmes de Zhang Yimou, em especial Herói, O Clã das Adagas Voadoras e A Maldição da Flor Dourada, pode se surpreender com a delicadeza e a vertente romântica de A Árvore do Amor. O novo longa não conta com "chineses voadores" e nem com uma fotografia recheada de tons fortes, remetendo diretamente ao início da carreira do cineasta.

A história gira em torno de Jing, uma estudante que é mandada para o campo para passar por um período de reeducação durante a Revolução Cultural da China. Ela carrega nas costas a responsabilidade de zelar pelo nome de sua família, que ficou abalado após a prisão de seu pai, um opositor do regime de Mao. A jovem tenta manter um comportamento prudente, mas isso muda quando conhece Sun, o filho de um oficial, por quem se apaixona. Mesmo com origens tão distintas, os dois vivem um amor em segredo.

O filme retrata um tipo de amor que o cinema deixou de lado nos últimos anos. Não espere ver cenas dos dois se entregando a uma paixão tórrida, tudo é muito sutil e muito sensível.

A Árvore do Amor é baseado em romance escrito por Mi Ai e tenta ao máximo manter uma abordagem literária. Este, inclusive, é um dos poucos defeitos do longa. As telas pretas com texto e o excesso de fades prejudicam bastante a narrativa e devem incomodar o público da geração de vídeo clipes.

Parceiro de longa data de Yimou, o diretor de fotografia Zhao Xiaoding faz um trabalho brilhante, recheado de tons sóbrios, mas nunca frios. Responsável pela trilha sonora, Chen Qigang também se sai muitíssimo bem ao apresentar temas discretos e belos.

Após realizar seu pior filme, Uma Mulher, uma Arma e uma Loja de Macarrão, uma equivocada refilmagem de Gosto de Sangue, dos irmãos Coen, Zhang Yimou viu a necessidade de mudar o rumo de sua carreira e para isso voltou a tratar da Revolução de Mao 20 anos após seu clássico Lanternas Vermelhas. E a opção não poderia ter sido mais acertada, realizou um filme belíssimo e muito bem atuado.

Todo o elenco da produção se sai bem, mas é impossível não destacar os trabalhos de Zhou Dongyu e Shawn Dou como Jing e Lao, respectivamente. Os jovens atores esbanjam naturalidade e graciosidade, sendo fundamentais para fazer de A Árvore do Amor uma linda história romântica.