Parece que Nadine Labaki não sabe se quer contar uma história de drama, ou de comédia, ou sequer dosar os gêneros numa dramédia. "E Agora, Aonde Vamos?" é um filme bem nada. Dá pra perceber a intenção de sua realizadora, que é legitima, mas, ao mesmo tempo, não tem como não notar uma verdadeira confusão ao colocar os temas que quer abordar com absolutamente nenhum tato.
A exemplo disso, estão sequencias em que Labaki faz o uso de uma intensa terapia de choque (sequencias que abrem um espaço imenso pra Claude Baz Moussawbaa brilhar, e como brilha!), e, na passagem seguinte, enfiar momentos de alegria, harmonia (mesmo que com um clímax iminente prestes a acontecer) e descontração. Um pouco mais de sutileza, não faria mal. Aliás, a bagunça que é a montagem desse filme salta aos olhos.
No entanto, não é um filme ruim. Ele tem momentos bons e inspirados, principalmente em alguns diálogos apesar de uma queda de ritmo brusca lá pela sua metade. Os números musicais são interessantes vistos isoladamente, com destaque pra cena inicial que é absurdamente fantástica.
Num geral, "E Agora, Aonde Vamos?" é um filme que acerta quando faz uso de sensibilidade pra mostrar sua verdadeira intenção, mas peca em não conseguir equilibrar os momentos escrachados e estereotipados ao longo da narrativa. Ao ponto de prejudicar a absorção de sua mensagem final, com um desfecho bastante forçoso - que beira o absurdo, de tão irreal (talvez por desenvolvimento fraco) - pra mostrar "olha aqui, o título do filme é por causa disso". E quando a manipulação fica evidente dessa maneira, é sinal de que a coisa não está bem.