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    A Vida de Outra Mulher
    Críticas AdoroCinema
    3,0
    Legal
    A Vida de Outra Mulher

    Tempo perdido

    por Lucas Salgado

    Não existe nada pior do que generalizar ou reduzir determinadas características a uma só cinematografia. O cinema brasileiro é só favela. O americano são só explosões. E o francês é o cult. Nada disso é correto, mas é inegável que existem alguns elementos próprios de algumas cinematografias. A Vida de Outra Mulher, por exemplo, é uma produção bem francesa, sendo difícil imaginar algo parecido vindo de Hollywood.

    Marie é uma jovem de 26 anos que acaba de conhecer seu grande amor. Após uma noite de paixão, ela acorda feliz. Mas logo percebe que há algo de errado. Ela está em uma casa enorme, mais velha e de quebra tem um garoto em sua cozinha lhe chamando de mãe. Logo, percebe que de um dia pro outro envelheceu 15 anos e que agora é uma executiva de muito sucesso na vida profissional e fracasso na pessoal.

    Juliette Binoche vive Marie e o faz com o talento e a beleza de sempre. Em alguns momentos, ela escorrega em uma performance um pouco afetada, mas nunca deixa que o espectador desvie sua atenção. O filme mescla bem o humor e o drama, e, ao contrário do que aconteceria em uma produção norte-americana, não tem interesse em promover uma redenção ou qualquer coisa parecida.

    Trata-se apenas da jornada de uma mulher que já não reconhece mais. A história traz uma perda de memória/viagem do tempo, mas a metáfora é mais interessante que a situação em si. As pessoas tendem a tomar rumos não esperados em suas vidas, rumos que muito bem poderiam ser criticados pelo próprio indivíduo em determinado momento de suas vidas.

    Conhecido pelo trabalho em O Fabuloso Destino de Amélie Poulain, Mathieu Kassovitz interpreta Paul e se sai bem, passando para o espectador o sentimento de alguém que vive um casamento em pedaços. François BerléandVernon DobtcheffAure Atika completam o elenco e não comprometem.

    A Vida de Outra Mulher foi dirigido, escrito e montado por Sylvie Testud. O roteiro tem suas falhas, mas é na montagem que Testud erra mais. O filme tem um problema sério de ritmo, mesmo contando com 97 minutos de duração. Algumas situações são dispensáveis e o espectador não sente o longa fluir. Por outro lado, cabe destacar a conclusão, que tem um impacto forte, apesar da simplicidade e da sutileza.

    O longa foi vendido equivocadamente como uma comédia romântica, mas não se trata nem de uma comédia e muito menos de um romance. É sobre a vida de uma pessoa que toma rumos inesperados por ela própria. É sobre reencontrar o caminho desviado e reconstruir as relações perdidas.

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