Casas velhas fazem barulhos
por Francisco RussoProdutores de Hollywood têm por hábito acompanhar os destaques da sétima arte rodados fora dos Estados Unidos, de olho em possibilidades de traduzir o material e realizar uma nova versão em língua inglesa. Reflexo da preguiça e da falta de criatividade, já que a preferência é em apostar em uma cópia ao invés de investir em algo original. É o caso do suspense A Casa Silenciosa, refilmagem do uruguaio A Casa, lançado há apenas dois anos.
A fórmula do filme original é seguida à risca em sua versão americana: câmera na mão, por vezes tremida, explorando o medo pelo desconhecido a partir da perspectiva da protagonista Sarah (Elizabeth Olsen). Uma edição esperta e bem feita passa a impressão que todo o filme foi rodado em uma só tomada, o que não aconteceu. Na verdade sequências em torno de 10 minutos foram gravadas e cuidadosamente encaixadas na edição, de forma a transmitir ao espectador a sensação de continuidade ininterrupta. Esta percepção é parte importante da proposta do filme, ajudando a criar um clima claustrofóbico.
A história traz Sarah ao lado do pai (Adam Trese) e do tio (Eric Sheffer Stevens) na casa de campo da família. Abandonada há algum tempo, ela foi invadida um ano atrás e está totalmente lacrada, com grandes cadeados nas portas e madeiras nas janelas. O trio precisa arrumar o local, de forma a prepará-lo para que seja vendido em breve. Só que Sarah começa a ouvir estranhos sons vindos da própria casa, entrando num pânico cada vez maior.
A Casa Silenciosa funciona bem enquanto se mantém como suspense clássico, onde a protagonista – e o público - ouve e vê coisas que não compreende, transmitindo uma certa tensão ao espectador. O problema é que, devido à limitação do espaço físico e da própria história, aos poucos são inseridos elementos típicos do terror, como sangue escorrendo e maus tratos a crianças. Por mais que seu uso seja posteriormente explicado, fica a sensação de que foram incluídos mais para provocar impacto visual do que propriamente por necessidade da história. Acabam soando gratuitos.
Com uma boa atuação de Elizabeth Olsen, que consegue transmitir o crescente de pânico de sua personagem e a necessidade de se manter firme para seguir em frente, A Casa Silenciosa é um filme interessante também por algumas boas sacadas, como o uso de uma máquina fotográfica para iluminar um dos quartos. Seu grande pecado acaba sendo o desfecho, pouco convincente para a história como um todo, e a apelação desnecessária para símbolos do terror. Razoável.