TÍTULO PERFEITO
por Lucas SalgadoAntes de tudo, é preciso elogiar o quão bom é o título Não Sei Como Ela Consegue, cabendo dar os parabéns para quem pensou no mesmo, afinal é perfeito para resumir o atual estágio da carreira de Sarah Jessica Parker. É difícil saber como a atriz é capaz de emendar comédia atrás de comédia sem conseguir fazer pelo menos um filme que seja atraente ao espectador.
Deixando de lado os longas inspirados na série Sex and the City, que ao menos agradaram os fãs exportados da TV, se olharmos os últimos trabalhos da atriz (Tudo em Família, Armações do Amor, Cadê os Morgan? e, agora, Não Sei Como Ela Consegue) é difícil não concluir que Jessica Parker está perdida em sua carreira. Todos seus últimos projetos são parecidos, seja na qualidade - ou melhor, falta de qualidade - ou no gênero.
A história gira em torno de Kate Reddy (Jessica Parker), uma mulher moderna que divide com perfeição seu tempo entre os afazeres domésticos e os profissionais. A dura rotina acaba se tornando ainda mais desgastante com o surgimento de uma nova oportunidade no trabalho.
Muito pouco se salva em I Don't Know How She Does It (no original), que se revela uma patética tentativa de repetir o feito pelas séries de sucesso Modern Family e The Office. Como ocorre nos seriados, no longa a narrativa é acompanhada de uma série de depoimentos com os personagens principais olhando para a câmera. O problema é que nenhum dos personagens tem a capacidade de conquistar o público, sem contar que alguns deles é bem sucedido em desagradar o espectador, como é o caso da "amiga" que passa boa parte do seu tempo na academia.
O eterno James Bond, Pierce Brosnan também marca presença na produção como chefe de Kate e, mais uma vez, repete o papel do charmoso canastrão que já vimos em filmes como Leis da Atração e Mamma Mia! - O Filme. O talentoso Greg Kinnear está desperdiçado no papel do marido de Kate e a exuberante Christina Hendricks também não faz nada de mais na pele da melhor amiga da personagem principal.
Escrito por Aline Brosh McKenna, o roteiro é um dos graves problemas da produção, o que é uma surpresa tendo em vista que a comédia anterior escrita por ela foi O Diabo Veste Prada. Talvez a principal diferença aí esteja na fonte, afinal Não Sei Como Ela Consegue também é adaptado de uma obra literária, mas que não foi um grande sucesso de crítica e venda.
Repleta de personagens artificiais e soluções fáceis, a produção pode até agradar aquela pessoa fanática por comédias românticas, mas dificilmente ficará marcada dentre os longas do gênero.