Nicolas Cage – que já ganhou até um Oscar – está, de fato, em um momento delicado e sem estrelismo de sua carreira. Ultimamente, seus filmes resultam cada vez mais em obras fúteis e vazias (como, por exemplo, os horrorosos “O Pacto”, “Motoqueiro Fantasma 2” e “Reféns”). Já “O Resgate”, dirigido por Simon West (do popular e divertido “Os Mercenários 2”), não traz absolutamente nada de novo ao gênero – pelo contrário, reutiliza as mais velhas muletas de roteiro para moldar sua trama simplória. Porém, não há como negar que, ao analisarmos sua medíocre proposta e suas insignificantes ambições, o resultado final até que não é tão ruim.
Will Montgomery (Nicolas Cage) é um famoso bandido que acaba de sair da prisão depois de oito anos e está disposto a mudar de vida. Entretanto, é chantageado por Vincent (Josh Lucas), antigo parceiro seu, e obrigado a realizar um assalto para conseguir 10 milhões a fim de salvar a vida de sua filha Allison (Sami Gayle), que está trancada em um táxi que roda pela cidade.
Devo admitir que me surpreendi com a primeira sequência do filme, que, embora seja totalmente genérica, envolve com eletrizantes perseguições. Logo em seguida, após Will Montgomery cumprir pena, acompanhamos o protagonista – que alterna entre os mais manjados estereótipos de mocinho-vilão injustiçado – buscando se revigorar, deixando o crime de lado e se dedicando em estabelecer uma melhor relação com sua adorável filha, que, obviamente, o odeia. Desta forma, Will encontra a maior maneira de se redimir e provar seu amor paterno emplacando incansáveis perseguições em busca do lunático Vincent, mesmo que ninguém o apoie.
Escrito por David Guggenheim, “O Resgate” logo apresenta grandes problemas de desenvolvimento narrativo acerca do tempo e do espaço da trama. Repare, por exemplo, na incoerente transformação do personagem/vilão Vincent, que – após um “acidente” envolvendo sua perna, o fazendo ter que cortá-la – se transforma em um ser sádico e psicopata de maneira totalmente inconvincente. E não deixar de ser incoerente, também, a construção do personagem principal, que, mesmo após passar anos na prisão, continua sendo um gênio e – aparentemente – grande dominador das artes marciais. Além disso, o longa cede espaço desnecessário a alguns detetives que, feito bobos, correm para lá e para cá atrás do mestre do crime atrás de sua filha.
[...] Mas não devemos esperar algo notável com base na sinopse citada acima, e, sim, tentar embarcar na proposta mega genérica da produção, ou, simplesmente, escolher por outra opção de filme para assistir. Pois o fato é que, mesmo com muitas falhas, o diretor Simon West convence ao rodar sequências de ação (em partes) envolventes, com direito a inúmeras perseguições de carros, roubos, batidas e brigas constantes (destaque merecido para a fotografia de Jim Whitaker, que alterna entre sutis travellings e satisfatórios planos panorâmicos). Assim, contando com uma enxuta montagem, “O Resgate” tem sua narrativa desenvolvida de modo eletrizante e em momento algum demasiado – ainda que precário e simplório.
Já sobre a atuação de Nicolas Cage, realmente, não há muito que dizer, a não ser que o ator está, mais do que nunca, no piloto automático – não abrindo mão, claro, de suas tradicionais caras e bocas. De fato, Nicolas precisa de novos ares, caso o contrário, será esquecido junto com seus últimos filmes genéricos e vazios com cara de lançamento direto em home vídeo que quase ninguém assiste e tampouco se interessa – e “O Resgate”, apesar de não ser tecnicamente ruim e conseguir proporcionar um mediano entretenimento, infelizmente se enquadra na categoria.
30 de Janeiro de 2013.