REFÉM DA DIVERSÃO
por Roberto CunhaAberturas de filmes são verdadeiros cartões de visita e estão aí os longas do agente 007 que fizeram história nesse quesito. O Resgate pega carona nessa ideia, apresentando um visual gráfico interessante e fecha esse início com cenas de suspense, ação e toques de humor. Ilustradas sonoramente pela trilha do premiado Mark Isham, o "sequestro" do espectador é quase que imediato.
A trama é pra lá de simples. Will (Nicolas Cage) se vê obrigado a praticar um crime depois de cumprir oito anos de cadeia. O motivo? Um antigo parceiro (Josh Lucas) de roubo, revoltado com o resultado do último golpe, resolve se vingar, sequestrando a filha adolescente do cara. Agora, para reencontrar ela, ele precisa arrumar 10 milhões de doletas e restam apenas 12 horas. Difícil? Não para um dos melhores ladrões dos Estados Unidos, com seus próprios códigos de conduta.
O roteiro do pouco experiente David Guggenheim (Protegendo o Inimigo) não deixa dúvidas de que foi montado para tudo funcionar como um "relógio" e deu certo. Nesse contexto, pouco importa se essa "máquina" é do suíço mais pontual do mundo ou de um mero marcador de horas comprado no Paraguai. As devidas licenças criativas existem e mantém o fluxo constante da história para o seu desfecho - previsível - mas esperado. Aos que torcem o nariz para isso e estão de preconceito com o astro, o aviso de que é cinema pipoca. Ou seja, ficar refém de exigências diante de uma obra tão descompromissada, não faz o menor sentido.
No elenco, Lucas mandou bem no papel de vilão frio e maluco, e Danny Huston completa o trio principal vivendo um agente do FBI, com uma certa fixação pelo seu alvo. "Admirar não é gostar", diz ele.
Sob a direção competente de Simon West, que já tinha trabalhado com ele no redondo Con Air - A Rota da Fuga (1997), O Resgate não mostra o menor pudor de seus traços de Busca Implacável, fenômeno comercial com Liam Neeson, e convoca você para um filme cheio de ação, perseguições, planos e execuções mirabolantes, pancadarias e boa dose de violência.
Escolher os imóveis pobres de Nova Orleans e seu Carnaval de rua com pano de fundo estão entre os vários acertos, dando uma dose de realidade em várias sequências. Aquela com Cage andando sobre os carros, inclusive, remete a uma outra dele mesmo sob a direção de David Lynch em Coração Selvagem (1990). Falando em referências, vai ter gente lembrando de O Exterminador do Futuro, Sexta-Feira 13 e até A Era do Gelo, este último na cena final com "algo" afundando na água. Viagem do crítico aqui ou verdade? O fato é que se você gosta da ideia de ser refém da diversão, o "pedido" já foi anunciado. O pagamento é por sua conta. Boa sessão!