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    Amor
    Críticas AdoroCinema
    3,5
    Bom
    Amor

    Amar é...

    por Francisco Russo

    Michael Haneke é um diretor conhecido pela crueza de seus filmes – não apenas pelo estilo direto das histórias, mas também pelo incômodo que por vezes causa no espectador. Desta forma, o anúncio de que faria um filme intimista sobre o amor causou surpresa, afinal de contas um romance tradicional está bem longe do perfil do cinema do diretor. Entretanto, ao assistir o longa-metragem fica bem nítido o quanto Amor, o filme, se enquadra dentro da filmografia de Haneke.

    Quem espera um relacionamento repleto de declarações apaixonadas ou saudosistas, no melhor estilo como era boa a vida de antigamente, deve passar longe do longa-metragem. Para Haneke, é na adversidade que se tem a grande prova de amor. É assim, fiel a esta máxima, que o filme transcorre de forma lenta e gradual, acompanhando a trajetória de vida do casal formado por Georges (Jean-Louis Trintignant, de volta ao cinema após sete anos de ausência) e Emmanuelle Riva. Vivendo sozinhos em uma casa confortável, eles passam a enfrentar problemas quando ela sofre um derrame. É o início da via crúcis do casal ou, para Haneke, da grande prova de amor entre eles.

    A opção do diretor em acompanhar de forma paulatina a degeneração do corpo e mente de Anne (Riva) torna Amor um filme bastante duro, já que ressalta ao público a dor alheia e a impossibilidade de melhora. Se por um lado pode parecer um tanto quanto cruel, este cenário é essencial para que Haneke possa expor sua teoria acerca do amor. Neste sentido, pode-se dizer que Amor seja, na verdade, um filme conceito, onde o ideal envolvido está acima de todo o restante. É também o que justifica o ambiente intimista que cerca o casal, já que não há necessidade real de nada além deles próprios e da casa em que vivem. A solidão autoimposta faz parte da prova de amor.

    Como proposta, Amor é um filme bastante interessante, seja pelo formato apresentado por Haneke ou por ir no sentido oposto ao dos dramas que costumam abordar este sentimento. Entretanto, por mais que seja um filme muito bem trabalhado dentro de sua intenção, deixa a sensação de ser um filme menor dentro da filmografia do próprio diretor. Destaque para o belo trabalho do casal protagonista, Trintignant e Riva, que dosam na medida exata a responsabilidade um com o outro perante a dor e o desespero do agravamento da situação enfrentada.

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