Moonrise Kingdom foi lançado nos cinemas e agora nas locadoras do Brasil assim mesmo, sem uma versão em português do título. Tantas vezes criticamos os títulos mal-traduzidos com que são lançados os filmes estrangeiros no Brasil, mas deixá-lo com o nome em inglês não ajudou nada esse filme por aqui, que teve excelente recepção nos Estados Unidos para um filme independente, arrecadando mais de 60 milhões de dólares.
No seu 7º filme como diretor (e também roteirista), Wes Anderson se firma como aqueles casos raros hoje em dia em que o diretor consegue deixar sua assinatura ao longo de seus filmes, pequenas características que identificam o autor, como acontece com filmes de Woody Allen, por exemplo (mesmo que não participando deles como ator). Mais importante que isso, com Moonrise Kingdom ele chegou à sua maturidade como realizador. É sem dúvida seu melhor filme até hoje, com um roteiro conciso e excelente domínio da narrativa, direção de atores e fluidez cinematográfica.
Moonrise Kingdom é simples, sem ser simplório, é sensível, sem ser melodramático, é engraçado também , sem ser exatamente cômico. E também é o filme de Wes Anderson mais pessoal. O tom outonal em que se passa o filme é reforçado pela belíssima fotografia, em tons saturados. Afinal, cor e música dão o tom do filme, que se inicia com um comentário e execução em grupos de instrumentos da passagem de uma famosa sinfonia. Ouvimos separadamente as cordas, os sopros, a percussão, para deduzirmos nesta metáfora o carinho que Anderson tem pelos "excluídos", querendo dizer que todos nós, com nossas diferenças, somos importantes para executar a orquestra que é a vida.
A celebração da liberdade é representada pela fantasia presente nos livros que acompanham Suzy - e que acabam inspirando-a a lançar-se em uma aventura em que é acompanhada por Sam - o menos popular entre os escoteiros do grupo. Aventura esta que vai acabar mobilizando a todos, uns que decidem ajudar o jovem casal a fugir, outros que se esforçam em encontrá-los.