Com uma câmera na mão e uma boa ideia na cabeça se faz um bom filme, exemplo vivo disso é Wes Anderson - e claro Quentin Tarantino, mas ele não entra nessa crítica - o diretor e roteirista texano construiu um enredo infantil numa simples história de romance e introduziu alguns elementos que são peça chave no desenvolvimento das crianças, como: crescer e amar, amizade e exclusão, família e supervisão, brincadeiras e aventuras. E o desenvolvimento desses temas faz com que o peculiar Moonrise Kingdom não seja mais uma historinha da Sessão da Tarde, mas sim um concorrente ao Oscar de 2014.
O enredo se passa numa Ilha, o cenário e a fotografia são peculiares - casas simples, as mesmas roupas para identificar a personagem, cada objeto ou fala da personagem definem seu carácter. Nessa ilha moram um casal e seus filhos, um policial e uma turma de escoteiros. A história começa quando um desses escoteiros desaparece e ao que tudo indica, para fugir da Ilha com uma garota (filha do casal). A busca pelas crianças destaca e realça a importancia das relações citadas na introdução no desenvolvimento infantil, e o papel de cada personagem no filme.
Já que falei tanto das personagens, vamos a elas: Edward Norton interpreta o chefe dos escoteiros que não tem certeza sobre suas escolhas na vida; Bill Murray e Frances McDormand formam o casal em crise, que depois do desaparecimento da filha estremecem seus laços e transparecem a fragilidade de sua família; Bruce Willis é um policial sem rumo na vida com o desejo de construir algo maior, mostrando a importância da adoção na vida de uma criança e de um adulto. Por fim temos os fugitivos, as crianças Jared Gilman e Kara Hayward, que desenrolam boa parte do filme e tem os diálogos mais importantes, mesmo esses sendo um pouco fora do comum com algumas respostas curtas e diretas - o que realça o charme do roteiro de Wes Anderson. Resumindo, as atuações estão excelentes, principalmente das crianças, num papel difícil e atípico - diferente daquelas crianças americanas dos filmes hollywoodianos.
Concluindo, Moonrise Kingdom pode não ser um filme espetacular, mas é muito agradável e reflexivo, do jeito como só uma criança pode ser. O filme vai te prender também pela trilha sonora repetitiva porém perfeita, sem deixar de realçar o gênero de cinema criado por Anderson. Com certeza um diferencial de Hollywood, onde estamos enfrentando uma aparente crise criativa, Wes Anderson é uma esperança para as novas gerações.