Depois do excelente O Mestre, de Paul Thomas Anderson, lançado no início desse ano, que abordava a temática cientológica, mesmo que de uma forma mais camuflada dentro da história. E essa é a maior semelhança entre este filme e Depois da Terra, que vai tratando do assunto a cada diálogo possível.
O que mais me entristece é o fato de que mesmo com esse argumento, o roteiro não conseguiu explorar com visibilidade. Pior ainda é a falta de foco com que todas as cenas e os (rasos e poucos) conflitos se desenvolvem. A difícil relação pai-filho deveria ser o ponto mais alto do longa-metragem, podendo abrir espaços para grandes interpretações, aprimoramento de personalidade e até mesmo de emocionar o público.
Infelizmente, isso dá às caras em Depois da Terra, tendo em mente, que o filme vaga durante todo o tempo de projeção, sem saber em qual direção deve ir ou seu objetivo de realização.
Will Smith deve achar mesmo que seu filho, Jaden, é um ator super versátil e carismático. Enganou-se redondamente. O pequeno herdeiro dos Smith, havia provado (ou menos dado alguma esperança em A Procura da Felicidade e Karatê Kid, 2010, ambos produzidos pelo pai) de que poderia ser tão empático quanto o progenitor. Mas, os anos não fizeram bem ao garoto, que atua de modo automático, quase constrangedor, não sabe dar as nuances ao personagem e fica o tempo inteiro de projeção com cara de bebê chorão.
Já o pai deve ter levado isso mais a sério (é claro que levaria, desembolsou $130 milhões de dólares) e por isso atua de modo mais sincero, duro e até mesmo emocional. Smith, mesmo sem querer, domina as cenas e aumenta o tom contrastante entre ele e o filho, que deveria ter sido a verdadeira estrela do filme.
Os pontos negativos não param por aí. A direção de M. Night Shyamalan (do incrível O Sexto Sentido e os ótimos Sinais, A Vila e A Dama na Água) é preguiçosa, sem apuro visual de bom gosto e pior: não consegue criar ritmo ou qualquer tipo de reação, seja risos, lágrimas, sustos ou surpresas. Shyamalan sempre conseguiu estabelecer um clima de tensão em sua filmografia, mas aqui, o máximo que consegue fazer é o público bocejar.
Um dos melhores sentimentos que tenho ao assistir a um filme é de baixa expectativa. Sim, pois de vez em quando o resultado sai melhor que a encomenda. Porém, quando essa sensação é seguida de um algo aquém, é bem pior. Mais uma vez, um diretor outrora promissor, naufragando ao fazer um filme feio, sem vida, de fraco enredo e com o pior protagonista juvenil já visto em toda a história do cinema.