Pode não parecer, mas já existem 4 filmes da famigerada série “Jackass” nos cinemas. Seja como um documentário, ou num filme com uma série de quadros pré programados, uma coisa há em comum entre eles, não existe uma linha de raciocínio ou história, para filmagem e direção dos mesmos.
“Vovô Sem Vergonha” é uma tentativa de inovar, numa proposta iniciada pelos próprios integrantes e produtores do Jackass. Coube ao diretor Jeff Tremaine, em conjunto com o talentoso Spike Jonze, criar uma história mesclando as habituais situações politicamente incorretas, com dois personagens apresentados no próprio programa de TV. O filme então, conta a história de Irving Zisman (Johnny Knoxville), um senhor de 86 anos que viaja ao redor dos Estados Unidos ao lado de seu neto Billy (Jackson Nicoll) de apenas oito anos. Durante o percurso ele permite que o garoto fume, ofenda as pessoas e beba bebidas alcoólicas, o que gera protestos das pessoas à sua volta.
A proposta do filme, ainda que previsível e batida, é realmente interessante. Você proporcionar as situações escatológicas habituais, com uma história e até alguns momentos dramáticos (ainda que poucos e raros), é uma inovação digna de aplausos, para os fãs do programa de TV. O fato de ter uma trama, deixa tudo mais palpável e “assistível”, criando assim, uma situação muito parecida com a encontrada em “Borat”; onde humor não é o foco e sim as bizarrices dos, e protagonizadas pelos, personagens.
Dessa maneira, quem se destaca é Jackson Nicoll, o ator mirim de 8 anos, mostra um enorme talento com o improviso e uma capacidade incomum de desconstruir personagens e esteriótipos. Em dado momento do filme, ele finge ser uma criança perdida à procura de um pai. E ao invés de apelar para o sentimentalismo, que seria o óbvio, ele mostra uma desenvoltura para ludibriar os adultos como se fosse filho dos mesmos. Essa capacidade e o improviso, tornam o filme bem mais agradável e servem também para diminuir o humor apelativo e absurdo de Knoxville.
“Vovô sem Vergonha”, não é inovador, muito menos vai entrar para a história do cinema. Porém, dentro da ideia criada pelo Jackass, faz tudo ficar mais interessante, parecido com o cinema, e não um amontoado de sequências engraçadas e nojentas. Vai ser uma experiência distinta para cada um. Os fãs vão achar tudo brilhante, mas o público sabe, que ao menos não se trata, do que temos quase que semanalmente, nos cinemas.