Remake do filme argentino dirigido e co-escrito por Juan José Campanella, vencedor do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, em 2010, Olhos da Justiça, longa dirigido e escrito por Billy Ray, coloca o ator Chiwetel Ejiofor no papel que foi interpretado por Ricardo Darín. Entretanto, na refilmagem norte-americana podemos ver grandes mudanças entre Benjamín Espósito (Darín) e o agente do FBI Ray Kasten (Ejiofor), protagonistas das duas obras.
Na história adaptada por Billy Ray, a personagem interpretada por Chiwetel Ejiofor também trabalha como investigador num tribunal norte-americano, sendo que numa célula anti-terrorismo. Ele também tem um relacionamento amoroso mal resolvido com a sua chefe hierarquicamente superior, a procuradora Claire (Nicole Kidman). E, o mais importante, ele também carrega em si o peso de nunca ter resolvido um crime que o marcou profundamente: no caso do remake, o assassinato de Carolyn Cobb (Zoe Graham), que vem a ser filha de sua amiga e parceira no trabalho, Jess Cobb (Julia Roberts).
Após pedir demissão do FBI, Ray nunca conseguiu deixar para trás a investigação do crime de Carolyn. Olhos da Justiça nos coloca justamente diante do momento em que Ray Kasten reaparece no antigo tribunal onde ele trabalhava, para enfrentar as pessoas que fizeram parte do seu passado, em busca da reabertura da investigação do crime de Carolyn, de maneira que ele possa encontrar um fechamento neste capítulo de sua vida e possa prosseguir, sem qualquer ressentimento – profissional e pessoal.
Neste sentido, é interessante perceber a forma como Billy Ray estrutura seu filme. Olhos da Justiça alterna flashbacks com o tempo presente da história, de forma a fazer com que a plateia perceba de que maneira a vivência daquela experiência foi marcante para todas essas personagens. Apesar do desfecho ter influências claras da escrita de um autor do gênero policial norte-americano como Dennis Lehane (na medida em que a cena nos confronta com o nosso próprio moralismo e valores diante do que assistimos), a verdade é que Olhos da Justiça se contenta em ser um filme em que bons atores tentam defender personagens que não são desenvolvidos adequadamente, em uma história que tenta imprimir tensão, mas nunca consegue deixar a plateia realmente aflita com tudo o que aquelas pessoas estão vivendo.