Como habitual, o diretor abusa da extravagância, mas o excesso desse “universo infantil” deixa a direção de arte na corda bamba entre o rídiculo e o interessante. O melhor mesmo é o “casal de protagonistas”: Julia Roberts encarra o papel da rainha má com a simpática, o sarcasmo e o exagero que a nova versão pede, e Armie Hammer faz o princípe de forma engraçada e charmosa – graças ao roteiro que dá mais espaço ao princípe, o dando novas características e explorando seu porte físico sem medo. É interessante também notar que há até um pouco de tom crítico. O longa trabalha temas como diferenças sociais e excesso de operações estéticas. Claro, que não é nada de mais, mas dá para qualquer criança entender. Outro ponto positivo é que o filme dar mais força à princessa, tirando sua condição de passividade. Quem se prender na história original, vai se irritar com algumas mudanças sem grandes motivos aparentes, mas o problema não é esse, o que mais incomoda é a indecisão em refazer a história de forma convenvional ou dar ares de “chanchada infantil”, resultando num tom nitidamente indeciso. Outro problema é que a protagonista muda no meio do longa, trazendo o foco para a Branca de Neve (Lilly Collins). Nessa segunda metade, a pouca de comédia do roteiro e a falta de carisma de Lilly são notavéis e podem fazer muitas crianças e pais perderem o interesse pelo filme daí em diante. Pelo menos, nos créditos têm uma divertida paródia dos filmes bolywoodianos. É essa coragem em tirar sarro claramente de algo que o filme não tem. Além do mais, o longa não tenta minimizar acontecimentos mal desenvolvidos, piadas batidas e um amor idealizado forçado, típicas e preguiçosas falhas de um filme infantil que, até mesmo hoje em dia, todos parecem tolerar, sem reclamar.