PRIMO RICO/PRIMO POBRE
por Roberto CunhaO cinema mundial passa por um momento de pouca originalidade e, neste contexto, as franquias famosas acabam se tornando um grande negócio para produtores e exibidores de uma maneira geral. Taí a quantidade de sequências que não desmentem esta afirmação. E o Brasil acabou virando até cenário de uma: High School Musical. High School Musical - O Desafio se passa no Rio de Janeiro como as tomadas aéreas iniciais deixam bem claro, mas poderia ter se passado em qualquer parte do País, tendo em vista que as externas não exploraram as belezas da cidade e se concentraram na escola High School Brasil montada no Rio Centro.
A fórmula é a mesma. Elenco jovem, o bonzinho, a boazinha, a malvada e músicas pueris para lá e para cá. E por mais que se queira evitar as comparações, elas serão inevitáveis. A primeira pode ser com relação as vozes dos atores/cantores, que num primeiro momento não são lá essas coisas. Uma outra seria um certo ar de musical verdadeiro que o filme infantil/adolescente americano tem, com cenas mais "encorpadas". Por mais que o diretor César Rodrigues tenha tentado reproduzir uma atmosfera semelhante, o resultado foi um filme, no máximo, simpatico, e muito caricato. O que pode ter sido até uma exigência do estúdio. Mas o colorido do figurino e cenários é artificialmente excessivo, dando ao todo uma certa impressão de "primo rico/primo pobre".
Ao todo, são cerca de 12 canções numa história de competição escolar, pontuando valores como amizade, respeito, estudos e o romance da mocinha Renata (Renata Ferreira) e o mocinho Olavo (Olavo Cavalheiro). Entre elas, o destaque vai para aquela cantada por Renata ("A buscar o sol"), um reggae cantado por Olavo ("Hoje é bem melhor") e uma outra cantada por Wanessa ("Atuar, dançar e cantar"), personagem da cantora Wanessa Camargo que participa do filme como ex aluna da escola. A ideia de usar os mesmos nomes dos atores para os personagens pode ter ajudado na sua composição e, de quebra, pegar carona no sucesso da cantora, que tem o mesmo nome da outra no original, Vanessa Hudgens. Mas o problema é que o elenco e o roteiro não se ajudam. É tudo muito corrido e pouco consistente, deixando para os mais exigentes a sensação de um filme vazio. O que, diga-se de passagem, pode não acontecer com o público ao qual se destina.
De resto, o que você vai encontrar de diferente (?) é a devida adaptação da coreografia do basquete americano para o futebol brasileiro. No elenco de desconhecidos, o destaque positivo vai para o ator Fellipe Guadanucci, apesar de seu personagem Felipe usar um ridículo fone de ouvido amarelo pendurado no pescoço para caracterizar que ele é o cara musical da turma. Totalmente dispensável. Como primeiro filme da Disney produzido no Brasil, foi uma pena que o resultado tenha ficado tão pequeno. E a aposta de estrear High School Musical - O Desafio no fim das férias (seria para coincidir com a história?) não deixa de ser arriscada. Para a garotada, a versão brasileira do sucesso internacional pode agradar, mas isso só o público é que vai dizer. Ou melhor, as bilheterias vão mostrar. E este é o verdadeiro desafio.