No escurinho e à italiana
por Roberto CunhaTerceiro filme da franquia italiana iniciada com Manual do Amor (2005) e Manual do Amor 2 (2007), As Idades do Amor estreou no início de 2011 no país de origem e chega somente agora, em abril 2012, nos cinemas brasileiros. Escrito e dirigido pelo mesmo cineasta, Giovanni Veronesi retorna apresentando um longa dividido em contos. Dessa vez, um taxista (autodenominado cupido) interpretado pelo jovem Vittorio Emanuele Propizio (Meu Irmão é Filho Único - 2007), conta a história de três personagens de idades diferentes e momentos distintos da vida amorosa.
Na primeira, o advogado Roberto (Riccardo Scamarcio) deseja casar-se com sua namorada e foi destacado para cuidar da compra de uma propriedade em uma pequena cidade da Toscana. Lá, acabou seduzido por Micol (Laura Chiatti), descobriu-se um garoto novamente (típico das paixões) para só depois entender que a vida é feita de escolhas. Na outra, o tradicional apresentador de telejornal Fabio (Carlo Verdone), casado há 25 anos, se envolve numa louca transa com uma estranha (Donatella Finocchiari, Terra Ferma - 2011). Ele só não sabia que após essa experiência nunca mais seria o mesmo. Na terceira, Robert De Niro (ele mesmo) encarna um solitário boa praça, há seis anos sem saber o que é sexo, que ao conhecer a filha (Monica Bellucci) de seu melhor amigo, redescobre o poder do amor.
Embora tente dar uma breve amarrada entre as histórias, através do taxista ou do encontro de personagens, isso é o que menos importa nessa comédia romântica. E vale frisar para os que acharam a ideia batida (de fato é), que ela funciona e o humor presente nas duas primeiras histórias (uma mais comedida e a outra escrachada) é, sem sombra de dúvida, o ponto alto da produção. Entre os destaques, o gestual e os diálogos protagonizados por Verdone e "a louca" são dignos de boas risadas, enquanto o campo das curiosidades vai para De Niro falando em italiano e pensando em inglês. Além disso, belas locações e bonitos enquadramentos (com direito a cenas sensuais) fazem um belo "menáge" com a gostosa trilha sonora.
Apesar do roteiro ter se comportado de maneira "adolescente" ao explorar de maneira clichê o encontro de gerações (Niro e Bellucci) e a traição de um modo geral, a abordagem suave (e bem sucedida) de temas mais sérios, como a ganância imobiliária, a acomodação (trabalho e casamento) e ainda a falta de libido, fazem de As Idades do Amor um programa leve, à italiana e no escurinho do cinema.