Ultimamente, Hollywoody vinha provando que não estava livrando ninguém de suas adaptações. Então, se atéTetris ganhou a promessa de um filme, por que não tentar com Angry Birds? E é engraçado o fato de que entre várias outras adaptações de jogos já feitas na história do cinema — entre elas chorosas produções como Super Mario Bros (1993) e a franquia Resident Evil — Angry Birds consiga ser uma das melhores — senão a melhor.
Um dos fatos de Angry Birds ter funcionado é dele não tentar ser pretensioso nem nada. Baseado num jogo mobile, a animação tenta ser apenas ela mesma e consegue com êxito, apesar de alguns tropeços que longas comuns sofrem.
A animação conta a história de Red (Jason Sudeikis) um pássaro bastante temperamental que vive na Ilha Dos Pássaros. Obrigado a frequentar uma sessão de terapia, Red, a contra gosto, logo faz amizade com Bomb (Danny McBride) e Cuck (Josh Gad). Porém, a tranquilidade na Ilha dos Pássaros é interrompida pela chegada de estranhos seres e Red não perde tempo tentando provar que eles não estão ali apenas para fazer amizade.
Apesar de encontrar certo equilíbrio e tentar ser algo além de uma animação de ação frenética, Angry Birds peca no desenvolvimento na relação entre os personagens. Principalmente entre o trio principal, Red, Bomb e Chuck. Os personagens são até certo ponto bem desenvolvidos e possuem as suas histórias, mas o vínculo entre eles não é crível e é salvo apenas pelos bons momentos que proporcionam.
E o que falar de Mighty Eagle? Fora o terceiro ato, o personagem dublado por Peter Dinklage, símbolo de esperança da Ilha dos Pássaros, fica com um desenvolvimento completamente descartável.
E, mesmo conseguindo êxito no quesito adaptação, Angry Birds chega em certos momentos se considerando literalmente um jogo, e em poucos momentos você encontra uma cena com fundo silencioso.
Os aspectos positivos que norteiam a animação são até certo ponto surpreendentes. Percebe-se certa preocupação quanto ao produto, pelo ótimo desenvolvimento que o protagonista Red tem. Porém, esse bom desenvolvimento veio com um preço: ofuscou um pouco outros personagens importantes, como Chuck e Bombs, que apenas tiveram raros flashbacks para serem explorados emocionalmente.
A história da qual o filme trata é o ponto alto da trama. Já que o público alvo é, em principal, o infantil, Angry Birds conta com um pano de fundo bastante educativo: a descoberta de países, que é, no modo geral de falar, apenas um povo desenvolvido sobrepujando um menos desenvolvido.
Contudo, a animação não crê em si mesmo. Por isso, apesar de se preocupar com o desenvolvimento de personagens e com o pano de fundo da história, acaba deixando isso em segundo plano para dá mais atenção a momentos mais engraçados e mais interessantes para atrair ainda mais o público infantil. Consequentemente, o filme também peca nisso, e automaticamente se torna fraco.
Acertando em cheio como adaptação e se preocupando ao mesmo tempo em ser um bom filme, Angry Birds cumpri com seu objetivo: encher os olhos das crianças e entreter o público adulto — chegando até a referenciar O Iluminado (1980) e tendo uma cena a la Mercúria dos X-men. Chegando sem pretensões, mesmo sendo mobile, Angry Birds é uma surpresa para o mundo das adaptações cinematográficas de video game.
Nota: 6,6/10