O MESTRE DOS GÊNIOS
A cinebiografia é um gênero que aprecio muito. Por meio dessa abordagem tomamos contato com a obra, vida, peculiaridades, trabalhos de tanta gente que pouco conhecemos ou onde são reveladas facetas da personalidade e da biografia dos retratados. Nos últimos tempos tenho dedicado especial atenção a assistir a alguns filmes biográficos, aproveitando a oferta de bons filmes da Coleção Folha "Grandes Biografias no Cinema".
Feito esse nariz de cera, vamos ao "O mestre dos Gênios", filme que nos apresenta um grande editor de livros, Max Perkins. Com ele percorremos e tomamos conhecimento das relações tensas, ternas, comprometidas e por vezes frustradas de Perkins com alguns dos escritores que vieram a se tornar símbolos da literatura americana e portanto universal. No correr do filme há referências, passagens, com Ernest Heminguway e S. Fitzgerald. Mas a cena toda está centrada em Tom Wolfe. E, nesse particular, avalio que somos brindados com um filme e duas biografias. Não completas, mas o filme nos revela a forte relação de Max Perkins e Tom Wolfe, no processo produtivo de pelo menos duas obras do escritor genial, genioso, problemático, encantador e criativo.
É um belo filme e no tempo em que debruçamos nosso olhar na tela e mergulhamos nas vidas de Perkins e Wolfe, também somos apresentados ao modo de trabalho de um editor culto, severo e que apostava no desafio e na inovação. Somos levados a entrar no clima e no ambiente de trabalho de uma editora dedicada à literatura, à alta literatura.
No tempo em que não havia internet, computadores, o insano trabalho de assistentes do editor em datilografar as infinitas páginas do prolixo escritor, com as invariáveis correções, acréscimos e revisões, "Mestre dos Gênios", nos faz voltar ao passado, mergulhar nesse ambiente cultural e produtivo. Quando nos damos conta já estamos diante dos letreiros finais, emocionados, informados e prontos para fazer a outra parte que a obra de arte nos exige: conversar, debater, refletir e buscar mais e mais informações sobre a história, seus personagens e autores.
O que podemos querer mais? Talvez assistir novamente ao filme e mergulhar em alguns dos bons livros escritos pelos autores retratados e buscar mais informações sobre esse editor "Mestre" de um bocado de gênios da literatura universal.
Paulo Antunes
Cinéfilo e jornalista, pesquisa a história do cinema