O nome do filme é “Aviões”, mas bem que a animação dirigida por Klay Hall poderia se chamar “Carros 3”. Explico: assim como os filmes desta franquia, aquele se passa numa cidade fictícia do interior dos Estados Unidos, em que temos uma personagem que sonha com algo maior para a sua vida. Dusty Voo Rasante (dublado por Dane Cook na versão original) é um avião utilizado para pulverizar plantações que, apesar de seu medo de altura (que coisa curiosa para um avião!), sonha em participar da mais épica corrida aérea: o Wings Around the Globe (Asas ao Redor do Mundo).
Com o auxílio e a ajuda de seus amigos Chug (dublado por Brad Garrett na versão original) e Dottie (dublada por Teri Hatcher na versão original), bem como daquele a quem ele adota como um mentor – Skipper (dublado por Stacy Keach na versão original) -, Dusty Voo Rasante não só consegue enfrentar seus medos como transformar seu sonho em realidade ao se tornar o representante azarão do Wings Around the Globe, numa história que serve de inspiração para muitos outros aviões, carros e outros meios de transporte que também desejam ter uma finalidade diversa da qual foram planejados.
A história de Dusty Voo Rasante faz uma metáfora para algo muito interessante. Muitas vezes, se temos uma característica ou um dom peculiar, direcionam os nossos caminhos para algo que não necessariamente seria a nossa escolha. Isso também poderia representar, por exemplo, quando filhos seguem os caminhos decididos pelos seus pais. Muitas vezes, seguir esses caminhos, ao colocarmos a nossa própria vontade em segundo plano, representa a possibilidade de infelicidade. Felizmente, esse não foi o caminho traçado por Dusty: ao mostrar que ele podia ser mais do que aquilo que esperavam dele, “Aviões” deixa uma bonita mensagem para as crianças, bem como para os adultos.
Chama a atenção em “Aviões” o trabalho de animação e de direção nas cenas que mostram as corridas do Wings Around the Globe. É aqui que a animação, com o perdão do trocadilho, voa alto. Por mais que a jornada vivida por Dusty Voo Rasante tenha um carisma bastante próprio, a falta de originalidade do roteiro de “Aviões” prejudica um pouco o filme, pois é impossível não perceber, no decorrer dos 92 minutos de duração do filme, a sensação de déjà vu, de que já assistimos a isso tudo antes – em “Carros” e “Carros 2”… Quando a Pixar começa a repetir suas fórmulas, aí, sim, podemos ver que o gênero de animação realmente anda com problemas.