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    Protegendo o Inimigo
    Críticas AdoroCinema
    3,5
    Bom
    Protegendo o Inimigo

    Ação de qualidade

    por Lucas Salgado

    Apesar do nome pra lá de latino, Daniel Espinosa integra ao lado de Tomas Alfredson (O Espião que Sabia Demais) e Nicolas Winding Refn (Drive) a nova safra de talentosos diretores nórdicos que estão se destacando no cinema internacional. Nascido na Suécia, em 1977, Espinosa faz sua estreia em Hollywood com Protegendo o Inimigo e se sai bem.

    Embora o filme esteja longe da qualidade daqueles realizados pelos dois colegas citados, trata-se de uma obra eficiente, capaz de instigar e entreter. Ryan Reynolds dá vida ao jovem agente da CIA Matt Weston, que é escalado para cuidar de uma base inoperante na África do Sul. Determinado dia, ele é comunicado que receberá uma equipe de interrogadores e o perigoso prisioneiro Tobin Frost (Denzel Washington), ex-integrante da CIA que agora é caçado como traidor.

    Curiosamente, a produção foi pensada para ser filmada nas favelas do Rio de Janeiro, mas os realizadores acabaram desistindo por questões de logística e segurança.

    Para quem lê apenas a sinopse ou vê o cartaz do filme pode pensar que trata-se de mais uma parceria entre Washington e Tony Scott, como Chamas da Vingança, Déjà Vu e O Sequestro do Metrô 1 2 3, mas não é o caso. A câmera aqui é posicionada de forma mais tradicional, embora também tenha seus momentos frenéticos. Neste sentido, cabe destacar a fotografia Oliver Wood, que trouxe toda sua experiência da trilogia A Identidade Bourne para as sequências de ação. As cenas de lutas corpo a corpo são impressionantes, principalmente no que diz respeito a brutalidade e a naturalidade.

    Comprovando a intenção em se realizar uma ação nada artificial, o próprio Denzel Washington fez questão de se submeter a um afogamento simulado no momento em que seu personagem é torturado. Obviamente, as tomadas destas cenas duraram apenas alguns segundos para não violar a própria integridade física do astro.

    A primeira meia hora da produção é excelente. Apresenta bem os personagens e mostra disposição para fazer barulho. A trama se propõe a algumas reviravoltas previsíveis, o que acaba prejudicando o desempenho final. Ainda assim, merece elogio pela construção da relação entre Matt e Tobin. Reynolds e Washington possuem uma boa química e são ajudados por um roteiro que privilegia a dinâmica entre a dupla.

    Escrito por David Guggenheim, o roteiro, no entanto, falha no desenvolvimento dos personagens secundários. Os oficiais da CIA vividos por Vera Farmiga, Brendan Gleeson e Sam Shepard não se justificam em cena. Como uma espécie de antagonista principal, Rubén Blades se sai bem na medida que a falta de informações sobre o seu personagem desperta interesse, mas também é um papel que acaba desperdiçado pelo longa. A jovem francesa Nora Arnezeder completa o elenco como a namorada de Matt, cuja importância é reduzida na história - felizmente.

    O competente Ramin Djawadi (Homem de Ferro) desenvolveu uma boa trilha sonora, cujo mérito principal é não querer roubar espaço das situações que acontecem durante a narrativa. Os temas são discretos e funcionam bem para conduzir o espectador através do filme. A edição de Richard Pearson também é merecedora de elogios. Assim como o diretor de fotografia, o editor trabalhou em A Supremacia Bourne, trazendo para o novo trabalho alguns elementos do cinema de Paul Greengrass.

    Em seu primeiro projeto nos Estados Unidos, Daniel Espinosa já se apresenta como um cineasta a ser observado. Além de mostrar talento na direção, ele teve o mérito de se cercar de pessoas muito competentes no desenvolvimento de Safe House (no original).

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