O Demônio da Argélia: Críticas

Destino de um Gângster

Uma espécie de penitência pelas escolhas de sua vida, suas ações serão cobradas no futuro, basta esperar a cobrança chegar. Pépé Le Moko tem um olhar que me parece falar muito sobre isso, a cerca de escolhas de vida que mesmo que entregue poder, retire os prazeres e as liberdades de quem fez a escolha.

Pepé tem poder, e de certa forma uma liberdade, mas mesmo assim está preso. Preso em Casbá, uma cidade murada onde ele tem passe livre, porém se sair de lá será preso, então ele está fadado a viver preso, mesmo que viva passivamente, aquelas barreiras o prendem ali. Nem mesmo ter um amor de verdade ele pode, a única pessoa que ele parece se apaixonar é justamente a que não pode ter, Pépé tem privilégios mas jamais sua liberdade.

O detetive parece figurar-se como o destino de Pépé, sempre ao seu lado e como um amigo, aos poucos o destino retira as únicas pessoas e as únicas oportunidade que Pépé tem de viver uma vida feliz. Muito legal também perceber como o Noir já se encorpava ali, cai como uma luva esse estilo em sua narrativa já que trás para si essa atmosfera pessimista do Realismo Poético.

Por fim, o terceiro ato evoca com toda sua maestria desde sua Mise-en-scène, Pépé desce as ladeiras de Casbá, seu destino o leva para baixo, assim como a fantástica cena final onde ele é enquadrado em cena atrás dos portões que emulam grades da prisão. O gangster parece perceber que tudo se foi, não existe mais uma vida, na verdade tudo já era esperado, a única fagulha de viver feliz se vai perante seus olhos e agora só lhe resta a morte.