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    Amor Impossível
    Críticas AdoroCinema
    1,5
    Ruim
    Amor Impossível

    Suposta sensibilidade

    por Francisco Russo

    Se você pensa em assistir Amor Impossível por causa do título fofo, esqueça! Ele nada tem a ver com a proposta do filme, sendo um mero gancho para pegar os desavisados em busca de uma história de amor nas telonas. Em "Salmon Fishing in the Yemen", o título original, até existe uma história de amor, mas é mero pano de fundo para seu verdadeiro objetivo: a insólita proposta de, em pleno deserto no Iêmen, construir uma estrutura que possibilite a pesca do salmão como esporte. Tudo à base de muito dinheiro, bancado por um xeique milionário mais interessado em ver seu sonho realizado do que propriamente no quanto toda a brincadeira irá custar. Uma história repleta de boas intenções que tenta, à base de muito clichê, convencer o espectador de que a empreitada não é impossível.

    Para que esta saga se torne realidade há três vértices básicos: Alfred Jones (Ewan McGregor), o estudioso da arte da pesca que dá ao projeto o embasamento técnico necessário; Harriet (Emily Blunt), a intermediária entre o oriente e o ocidente; e o próprio xeique (Amr Waked), apresentado com uma certa aura de sabedoria ingênua, que norteia o filme como um todo. Além deles há Patricia (Kristin Scott Thomas), uma espécie de vilã não pelos atos que toma, mas pelo que representa: o poder que tenta corromper uma ideia autêntica de forma que possa obter benefícios, sejam econômicos ou políticos. Mal comparando, seria como se o trio fosse a pureza e Patricia o cinismo que os ronda.

    Todos os quatro personagens possuem uma subtrama própria, de forma a torná-los mais humanos aos olhos do público. Alfred é dedicado e mal casado, do tipo que diz obrigado após uma noite de sexo com a esposa. Harriet não é muito diferente, temendo sempre ser machucada emocionalmente. O xeique tem uma certa oposição – bem furreca, para dizer a verdade – no país que comanda e Patricia mantém a pose de durona ao mesmo tempo em que demonstra aspirações de ascensão na vida política, demonstrada especialmente no modo como trata as pessoas. São todos personagens estereotipados, do tipo que pode-se traçar seu percurso dentro da história com uma boa antecedência, sem correr o risco de errar o palpite.

    O grande problema de Amor Impossível é a excessiva visão maniqueísta sobre seus personagens, de forma que representem áreas dentro da história sem que, de fato, aparentem alguma humanidade. Trata-se de um mundo ilusório, bonitinho, onde um toque de exotismo e belas paisagens acabam se sobressaindo ao invés de relações verdadeiras. Até mesmo a vilã Patricia tem um pé na ingenuidade, demonstrada nas conversas com seu superior – ninguém menos que o primeiro-ministro da Inglaterra – via um programa estilo MSN. Visualmente até divertido, também pelas fotos que representam cada personagem, mas que demonstram o quão raso é a história retratada.

    Seguindo uma receita de bolo que contém os mais variados clichês da dramaturgia em ao menos uma das subtramas de seus personagens principais, Amor Impossível apresenta uma suposta sensibilidade que por vezes soa como uma espécie de manual de auto-ajuda pregando a importância da fé. Para completar, Ewan McGregor, Emily Blunt e Kristin Scott Thomas têm atuações burocráticas e bem abaixo de sua capacidade. Dispensável.

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