Um bom fim
por Roberto CunhaAssistir a primeira sessão de A Saga Crepúsculo: Amanhecer - Parte 2 era tudo que um fã apaixonado gostaria de fazer e não necessariamente o desejo de um crítico de cinema. Parte desse raciocínio vem do fato de que os filmes baseados na obra da escritora Stephenie Meyer (agora produtora) alcançaram um patamar de sucesso (e histeria) que acabou gerando em muita gente um efeito inverso, de aversão ao seu conteúdo.
Iniciada em 2008 com Crepúsculo, a história se mostrou simples e rica em conflitos de fácil entendimento. Deixando o preconceito de lado (e é importante fazer isso), a ideia de explorar os opostos, o proibido e um amor dividido permeou toda a franquia, funcionando que é uma beleza. Se outros autores fizeram a mesma coisa de maneira mais inteligente, ótimo, mas quem disse que o objetivo aqui era competir com eles? A evidente opção pelo óbvio não parece ser uma eventual dificuldade de se chegar por outra via e sim porque a intenção é "morder" logo o espectador e contaminar o maior número de "vítimas" possível.
Dessa vez, Bella (Kristen Stewart) acorda após dar a luz a Renesmee e se transformar em uma vampira. Entre as novidades da nova vida estão aprender a lidar com os novos poderes e saber que seu eterno apaixonado Jacob (Taylor Lautner) teve o tal "imprinting' (espécie de amor à primeira vista) pela filhota dela. Além dos "novos" dramas, ela e os dois núcleos principais da saga (os Cullen e os lobos Quileute) precisam se preparar porque o poderoso clã Volturi, liderado por Aro (Michael Sheen), não está satisfeito com o nascimento dessa criança especial e o que ela pode representar para o futuro dos vampiros na face da Terra. O risco de uma batalha mortal torna-se iminente e cria-se aí um suspense.
Para os fãs que gostaram de A Saga Crepúsculo: Amanhecer - Parte 1, a boa notícia é que eles vão adorar essa segunda parte, o que vai animar bastante aqueles que acharam (não sem razão) o primeiro filme de Bill Condon lennnnnnnto demais. Agora, ele entrega uma produção mais dinâmica, bem humorada, com boas cenas de ação, que flerta com mais intensidade no clima conspiratório, tem mais personagens novos (alguns ruins) e, o melhor, reserva uma surpresa e tanto. Mérito também da roteirista dos longas, Melissa Rosenberg, que provou não ter entrado de gaiata e sua experiência em produções focadas em público parecido, como o seriado O.C. - Um Estranho no Paraíso (2003-2004) e o filme Ela Dança, Eu Danço (2006), devem ter ajudado.
Se as falhas não são poucas (sim, elas existem), por outro lado é preciso dizer que os acertos também são evidentes. O mesmo raciocínio vale para a parte técnica, sempre criticada (e com razão), mas dá para entender que não são filmes de efeitos especiais raros na tela, mas de efeitos especiais comuns nas pessoas. Das interpretações caricatas nem vale a pena comentar porque o objetivo foi alcançado. Assim, com a missão de sentar na sala escura com um mínimo de conhecimento, tratei de ver nos dias anteriores o começo, o meio e aí - sim - poder assistir o fim. Para minha surpresa, é possível entender a razão de tanto sucesso. Com este bom fim, com tons de épico, o ciclo se completa e a saga descansa em paz, para o delírio dos fãs "crepusculares" e detratores de plantão. Pelo menos, até o momento em que a autora resolver mexer seu dedinhos no teclado, incentivada pelos produtore$. Mas aí já é outra história e só tempo dirá se ela será escrita ou não. Na dúvida, pode apostar que vem mais por aí. ;)