Tensão alienígena
por Lucas SalgadoAntes de discutir o filme em si, é importante tratar da opção da distribuidora no Brasil de chamá-lo de A Coisa. Sim, esta é a tradução literal do título oficial, The Thing, mas está longe de ser ideal. São dois os problemas: o longa é um prelúdio de O Enigma do Outro Mundo, mas o nome em nada lembra este clássico de John Carpenter; e o título pode gerar uma confusão com A Coisa, outro terror lançado na década de 80.
O novo A Coisa não traz nada de diferente do ponto de vista de narrativa cinematográfica e de construção de um suspense, mas deve-se reconhecer que é eficaz ao contar a sua história.
Também deve-se enaltecer a opção em se realizar um prelúdio e não uma refilmagem de O Enigma do Outro Mundo. Obviamente, a trama não é nada original e já foi vista dezenas de vezes nas telonas, mas ainda assim a decisão de contar o que se passa antes dos acontecimentos do longa de Carpenter vai contra a corrente de produções preguiçosas de Hollywood.
Os fãs do The Thing original não devem esperar muito da recente produção, que se preocupa mais em dar sustos do que em de fato criar um clima de suspense e terror, mas provavelmente ficarão em êxtase com a sequência mostrada nos créditos de A Coisa, que remete diretamente ao início daquele filme.
Mary Elizabeth Winstead (Scott Pilgrim Contra o Mundo), Joel Edgerton (A Última Cartada) e Eric Christian Olsen (Plano B) integram o elenco e conseguem prender a atenção do expectador.
Dirigido pelo estreante Matthijs van Heijningen Jr., o longa peca feio no desenvolvimento de seu monstro, o que tem sido muito comum nos últimos projetos envolvendo alienígenas. Parece contraditório, mas a verdade é que a melhora na criação de efeitos visuais representou uma queda quase que proporcional no que diz respeito a design e criatividade. Não se fazem mais extraterrestres como os vistos em Alien, o 8º Passageiro ou Predador. Hoje, as criaturas não passam de um amontoado de CGI.