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    Carlos, O Chacal
    Críticas AdoroCinema
    5,0
    Obra-prima
    Carlos, O Chacal

    Cinema em sua plenitude

    por Lucas Salgado

    Inicialmente devo confessar que tive medo antes de assistir Carlos, um filme com insanas cinco horas e meia de duração (você leu corretamente!). Medo de não aguentar assistir um filme tão longo, medo de dormir no meio, medo de me cansar do filme com meia hora e ter que suportar as outras cinco. Felizmente, tais temores se mostraram injustificados.

    É clichê se falar que um filme quando foge um pouco do padrão deixa de ser cinema para se tornar uma experiência. Pois bem, no caso de Carlos, o filme deixa de se tornar uma experiência para se tornar cinema. As atuações, a edição, a trilha sonora, a fotografia, tudo faz de Carlos um grande filme (e não só um filme grande).

    Dirigido por Olivier Assayas (Clean e segmentos de Cada Um Com Seu Cinema e Paris, Te Amo), o longa retrata o cinema em sua plenitude, em que tudo é grandioso. Foram nove meses de filmagens, em 11 países diferentes, com 250 atores e 3 mil figurantes.

    Longe de ser um épico vazio, o filme conta a história de vida de Carlos, o Chacal (apelido jamais mencionado durante os 330 minutos de projeção), e tem como principais méritos o fato de humanizar a figura de terrorista sem beatificá-lo ou demonizá-lo. Trata-se de um filme sobre a vida de um homem e o rumo que esta segue dependendo das escolhas deste. Não se trata de eleger vilões ou mocinhos, ou justificar as ações do personagem-título.

    Quando se pensa em um filme de mais de cinco horas uma palavra vem a mente: tédio. Mas isso é justamento o que não existem em Carlos. Com uma câmera frenética e edição ágil, a produção não entedia em nenhum momento. Quando chegamos ao intervalo, o filme já contava com quase 3h50 de filme (o equivalente a um ...E o Vento Levou) e a sensação do momento era de que se não houvesse a parada todos os presentes continuariam sem problemas assistindo ao filme.

    Esta cópia foi exibida no Brasil somente no Festival do Rio (ainda não há informação se estará presenta na Mostra de São Paulo) e é a mesma que encantou a imprensa no Festival de Cannes. Por não conseguir um acordo de produção para os cinemas, os realizadores venderam o filme para a televisão francesa, que o exibiu no formato de minissérie. Com o sucesso nos festivais, os realizadores fecharam acordo de distribuição para lançar o longa nos cinemas com uma versão de duas horas e meia.

    Sinceramente, não sei de onde conseguiram cortar três horas de material, uma vez que tudo o que está no filme é importante para a construção e compreensão do personagem.

    O longa é tudo aquilo que Che tenta ser e não consegue e tem como principal força a marcante atuação de Édgar Ramírez (O Ultimato Bourne). O ator se dedica de corpo e alma ao filme, mudando seus traços físicos e psicológicos de acordo com a fase do personagem. Se não fosse uma produção feita para a TV seria impossível não apontar o ator como favorito ao Oscar 2011 de melhor ator.

    Carlos é um filme que merece ser conferido, seja nos cinemas, na televisão, em DVD ou em Blu ray.

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