Uma história emocionante e singela, de uma pureza de alma tocante, em que um eletricista no Quirguistão, disposto a ajudar sua comunidade faz de tudo, inclusive, gato em postes de energia elétrica, que ninguém na comunidade paga a conta. A paisagem árida, bem mais agressiva que o agreste nordestino, de seca e montanha fornece um tom especial ao filme que é todo rodado em externas em uma pequena vila com vários tipos excêntricos: o prefeito, a velha meio bruxa e um tanto vovozinha, a jovem prostituta que todos gostam e assim por diante, até um momento em que o filme descamba para a verborrágica ladainha de questionar a desigualdade em um ambiente em que todos são paupérrimos. É quando o que é singelo se depara com os malefícios de um capitalismo primitivo, até que em uma reunião com investidores chineses, sempre os chineses, que pretendem dominar a região e, por óbvio, o serviço de energia elétrica. Lembra muito a pureza do clássico “Muito Além do Jardim”, dirigido por Hal Ashby, em que Peter Sellers interpreta um jardineiro que sempre que abre a boca ou mesmo quando não fala, todos consideram genial e de uma sabedoria única, o eletricista que faz gato de luz, tal qual o jardineiro, parece saber tudo com muita humildade e pureza da alma. Direção enxuta, de poucos recursos, baixo orçamento, mas porém, com elevada sensibilidade.