Não é toda semana que uma animação argentina estreia nos cinemas brasileiros... E ainda mais dirigido por alguém do naipe de Juan José Campanela do excelente "O Segredo dos Seus Olhos". Ele já tinha sido exibido na mostra Panorama do Cinema Mundial no Festival do Rio 2013, mas jamais imaginei que ele entraria em cartaz em Fortaleza.
O mundo do futebol tem potencial para ser abordado no cinema. Fico feliz de ver festivais como o Cinefoot, que certamente terá esse filme em sua próxima programação. "Um time show de bola" começa com uma referência a Stanley Kubrick e seu 2001 - Uma Odisséia no Espaço, ao mostrar macacos jogando futebol com um crânio que é jogado pra cima e então entramos no cenário da animação.
O filme traz a vida jogadores de Totó, ou pebolim. Eles estão no poster e me fizeram esperar um filme ao estilo Toy Story. No entanto, ao ganharem vida, os bonecos se relacionam com Amadeo, um humano que desde garoto Amadeo é aficcionado por totó, tendo construído seus próprios jogadores e com eles ensaiado as mais diversas jogadas.
Além disso, ele nutre uma paixão por Laura, que lhe incetiva no jogo, mesmo quando ele é desafiado por Ezequiel (Juan José Campanella), um arrogante garoto que vive se gabando por ser um exímio jogador de futebol de verdade. Mas a partida épica de totó entre os dois não foi vencida por ele, então ele fica magoado e volta a cidadezinha tempos depois para se vingar.
Anos mais tarde, ele retorna rico e com seu dinheiro quer transformar a cidade natal em um espécie de parque temático. Agora, para salvar a cidade, Amadeo terá que aceitar o desafio proposto pelo vilão: enfrentá-lo numa partida de futebol de verdade. É quando algo mágico acontece e os bonecos da mesa de jogo ganham vida para ajudar o seu companheiro de grandes jogadas.
O roteiro do filme possui diversas falhas. Como se explica destruir um bar para construir um estádio de futebol? E como uma cidade pequena, que precisa recorrer aos sujeitos mais estranhos para representar seu time, consegue lotar esse estádio? Aceito liberdade artística, mas desde que não comprometa o resultado do filme... No Brasil, em especial as cidades que serão sede da Copa do Mundo Fifa 2014, temos vivido situações similares, de construção de grandes estádios, e grandes obras em função do futebol.
O filme é um pouco longo, sendo interessante seu início e seu fim. Uns 15 minutos poderiam ter sido cortados do miolo da história que não faria falta. A relação pai e filho poderia ter sido mais explorada. Já falei aqui o quanto gosto de filmes com esta abordagem.
A sessão foi marcante, pois estava ao lado do meu filho de dois anos e oito meses, e o filme aborda o relacionamento de Amadeo com seu filho... Além disso, na minha infância, sempre gostei de jogar totó. Então, recomendo para quem tem filho do sexo masculino, numa ida despretenciosa ao cinema.