Fúria de Titãs 2: Crítica AdoroCinema

Lançado em 2010, Fúria de Titãs foi um dos grandes fracassos de crítica do ano, só garantindo uma continuação por causa do bom desempenho nas bilheterias mundiais, em que arrecadou quase US$ 500 milhões. Desde que se anunciou um novo longa que todos os envolvidos no projeto falam que os problemas seriam corrigidos e que os cinéfilos não sairiam mais uma vez decepcionados. De fato, existe uma evolução clara com relação ao péssimo original. A história é melhor trabalhada (não muito) e os efeitos desenvolvidos com mais cuidado, em especial no que se diz respeito à utilização do 3D.

Fúria de Titãs 2 não é um grande longa, trazendo uma narrativa desconexa e uma direção confusa. O 3D tem uma evolução significativa, afinal o do primeiro pode ser considerado "um dos piores 3Ds já feitos", mas ainda assim se trata de uma conversão banal para o formato. O que temos são coisas ou seres pulando para fora da tela e não uma noção de profundidade interessante.

O novo filme é dirigido Jonathan Liebesman, que comete os mesmos erros vistos em seu projeto anterior, Invasão do Mundo: Batalha de Los Angeles. Ou seja, temos um "herói por acidente" em meio a uma sucessão de cenas sem ligação alguma entre elas. Os produtores talvez tenham motivos para comemorar, afinal o longa já chega com o roteiro pronto para o vídeo game. A história é conduzida como se fossemos "passando de fase", deixando para trás tudo o visto até então.

O plot não é lá muito original: Perseu é um semideus que prefere seguir a vida de pescador do que colher os louros do Olimpo. Como podem ver, mudou muito pouco com relação ao primeiro longa. A diferença é que aqui Perseu tem um filho e é viúvo (desculpa para justificar a ausência da atriz Gemma Arterton).

Sam Worthington retorna ao papel de Perseu e se sai bem melhor desta vez. Ainda que não entregue uma atuação extraordinária, ao menos é auxiliado por uma melhor caracterização do personagem, que deixa de lado o cabelo raspado e as roupas/armamentos repletos de brilho. Liam Neeson e Ralph Fiennes também estão de volta como Zeus e Hades, respectivamente. Os veteranos atores protagonizam as melhores cenas do filme e são os únicos que demonstram algum talento dramático.

Edgar Ramírez também tem bons momentos na pele de Ares, mas o personagem é prejudicado pelo fato de que seu ódio pelo pai (Zeus) e pelo irmão (Perseu) surge de forma totalmente descontextualizada. As outras novidades no elenco são Bill Nighy e Rosamund Pike. A atriz substitui Alexa Davalos tanto no papel de Andromeda, quanto no posto de "rostinho bonito" da produção. Ela está ali só para que a câmera tivesse uma expressão mais delicada para focar de tempos em tempos.

Se você gostou do primeiro Fúria de Titãs, é bem provável que também se divirta com esta continuação, afinal a evolução é clara. Se odiava o original, é capaz de continuar não achando a história nada demais. Ainda assim, o filme passa como um entretenimento aceitável para figurar na "sessão da tarde" daqui a alguns anos.