Última Viagem a Vegas começa com quatro crianças resolvendo juntos um problema com o qual se deparam. São quatro atores mirins idênticos aos quatro atores principais que continuarão a apresentar uma amizade maravilhosa que o tempo só tornou melhor. E é exatamente disto que se trata este filme leve e descontraído. O espectador irá se divertir muito, gargalhar eventualmente, mas poderá, principalmente, se deparar com a inevitabilidade do envelhecimento e com o fato de que a vida deve continuar a ser vivida e aproveitada sempre, de preferência ao lado de amigos verdadeiros.
À primeira vista Última Viagem a Vegas pode parecer apenas um Se Beber não Case para a terceira idade, como o próprio marketing do filme por meio dos trailers e dos cartazes de divulgação fez questão de deixar claro. Ou que é apenas um filme bobo e supérfluo que tenta se aproveitar da fama de quatro atores fantásticos – ganhadores de Oscar – para render uma boa bilheteria. Porém é muito mais do que isso. As piadas são leves e inteligentes e por mais que abordem temas polêmicos e politicamente incorretos como etnias, velhice e doenças, o fazem de forma respeitosa sem apelar para situações de baixo calão e ainda são uma auto crítica aos próprios atores e personagens. Os diálogos são rápidos, perspicazes e sutis, um prato cheio para quem curte um humor não-apelativo e inteligente. E a abordagem de temas como amizade e aceitação da velhice traz uma carga emocional que aproxima o espectador ainda mais dos quatro amigos em viagem à Vegas para a despedida de solteiro de um deles e torna as piadas mais legais, mais gostosas de presenciar e vivenciar.
A história é bem simples e aborda a ida de quatro amigos de infância já na velhice para Vegas para a despedida de solteiro seguida pelo casamento de um deles com uma mulher décadas mais nova. E quando eles chegam em Vegas, it’s Vegas, baby! Diversas situações engraçadas acontecem envolvendo o já famoso estilo vegas de curtir, mas sempre reforçando a importância da amizade.
A presença de quatro grandes atores na mesma película por si só já representaria um grande motivo para assistir Última Viagem a Vegas. Mas é muito mais do que isso. A química entre eles é formidável, conduzindo muito bem a história contada. E o mais legal é perceber, com o passar do tempo, que os atores meio que interpretam versões deles na vida real. Michael Douglas é o mulherengo que adora mulheres mais novas. Kevin Kline é o necessitado louco para gastar o passe-livre dado por sua mulher. Morgan Freeman é o falso necessitado, que aparenta ser o eterno coadjuvante, mas que na verdade tem todo potencial para ser principal. E Robert De Niro é o ranzinza mal humorado. Até Jerry Ferrara, conhecido por interpretar Turtle no seriado Entourage, é chamado de pequena tartaruga durante uma festa em Vegas em alusão ao seu único papel “famoso”. As participações especiais também trazem mais valor ao filme, com destaque para LMFAO como animador de uma festa na beira da piscina e 50 Cent fazendo o papel mais convincente da vida dele: ele mesmo.
Envelhecer é natural, então aproveitemos. Não apenas Vegas, mas qualquer lugar do mundo é muito melhor quando estamos ao lado de quem realmente importa. Última Viagem a Vegas consegue ser leve, divertido e inteligente sem muitas pretensões, e ainda traz quatro gigantes da história do cinema juntos com uma grande química. Por que não assistir?