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    Independence Day: O Ressurgimento
    Críticas AdoroCinema
    2,0
    Fraco
    Independence Day: O Ressurgimento

    4 de julho, de novo

    por Francisco Russo

    O mundo era outro quando o primeiro Independence Day chegou aos cinemas, em 1996. Os filmes-catástrofe estavam em baixa, a internet engatinhava (nada de AdoroCinema, Facebook, Twitter ou YouTube), Will Smith estava longe de ser um astro e 11 de setembro era uma data como outra qualquer. Vinte anos depois, o diretor Roland Emmerich enfim retorna ao seu maior sucesso neste O Ressurgimento. Se por um lado ele mantém a sanha destruidora vista em filmes como 2012, O Dia Depois de Amanhã e Godzilla, por outro entrega uma sequência sem imaginação que, de certa forma, reflete as mudanças no pensamento político norte-americano neste mesmo período de tempo.

    Senão, vejamos: no original, tão logo os alienígenas surgem o primeiro ato do então presidente Whitford (Bill Pullman) é aguardar um contato dos visitantes. É apenas após o ataque deles que a Terra, liderada pelo presidente americano, contra-ataca. Em O Ressurgimento, a agora presidente Lanford (Sela Ward) não pensa duas vezes e atira antes de qualquer resposta. Reflexo direto da guerra preventiva do governo Bush, decorrente de um trauma sofrido na vida real: os ataques terroristas de 2001. É a ficção imitando a realidade, mostrando ainda que nem sempre a primeira impressão é a correta, ainda mais quando baseada em poucas informações.

    Por mais que O Ressurgimento traga esta analogia, Emmerich não tem o menor interesse em debater ou sequer levantar questões políticas. Na verdade, tudo surge de forma meio gratuita, montando uma base frágil para um novo enfrentamento entre humanos e alienígenas. Para tanto, a fórmula encontrada é mesclar heróis da batalha anterior com uma nova geração, dotada do vigor necessário para mais um conflito. Só que, se os antigos soam como mera repetição do original, os novatos não demonstram o carisma necessário para assumir as rédeas como protagonistas. Ou seja, o filme falha nas duas pontas que deveriam servir como alicerce.

    Entretanto, este não é o único problema de O Ressurgimento. O roteiro, escrito a 10 mãos (!!!), busca a todo instante infantilizar a aventura, seja através de diálogos toscos ou situações caricatas envolvendo minorias. Há também uma repetição de situações do filme original, como a insistência em torno do famoso discurso do presidente Whitmore e a tentativa de replicá-lo, sem sucesso, e ainda um punhado de perguntas sem respostas lógicas sobre os rumos da batalha, envolvendo um ser virtual que tem participação essencial no conflito. Fora os diversos gatilhos emocionais com crianças e cachorros, que surgem aqui e ali no intuito de trazer uma suposta dramaticidade à batalha de momento.

    Por mais que patriotadas e problemas de roteiro sejam até comuns nos filmes dirigidos por Emmerich, o que realmente surpreende é a pouca relevância das cenas de ação, sua habitual especialidade. O mistério existente em torno das naves no filme original foi abandonado por completo, e o ataque em si nada mais é do que um punhado de prédios e objetos voando sem rumo de forma a provocar o máximo de destruição possível. Nada de cenas emblemáticas, como a destruição da Casa Branca - que até é lembrada através de uma piada mal colocada. Mesmo o confronto final mostra-se pouco inspirado, sendo parecido com vários outros filmes do tipo.

    Bem inferior ao original, Independence Day: O Ressurgimento dá continuidade ao combate entre humanos e alienígenas de forma preguiçosa, sem inspiração nem grandes momentos. Se Jeff Goldblum e Bill Pullman ressurgem como ecos da importância que tiveram no passado, o trio novato formado por Liam Hemsworth, Jessie Usher e Maika Monroe soa como mera caricatura, sem qualquer profundidade emocional. Somado às cenas de ação banais e ao roteiro canhestro, o resultado é um legítimo filme B, no pior sentido do termo. Nem mesmo como diversão descerebrada funciona a contento.

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