Num espetáculo de feira, o prestidigitador Oz faz sua secretária levitar. Alguém na plateia vê os fios que a seguram no ar e clama "fraude". Ao que o mágico, com um gesto vigoroso, golpeia com uma faca as cordas pelas quais o corpo se mantinha suspenso.
A mágica se mantém, mas será Oz um artista ou uma fraude? Ele sabe que é uma fraude, em certo sentido, já que não conseguirá fazer andar a garotinha paralítica que lhe pede auxílio. Eis a dúvida de todo artista: será que sua arte não é mera fraude?
Na verdade, Oz tem outros problemas: as garotas que já seduziu na vida, em dado momento, começam a aparecer, e então não há mágica que resolva. Isso e outras coisas fazem Oz subir num balão que o levará ao coração de um tornado. Parece o fim.
Mas a tempestade o levará ao reino de Oz, muito colorido e cheio de 3D. Na terra fantástica, há uma boa bruxa, que vê nele o escolhido para livrar o reino da bruxa
malvada.
Entre bruxas de verdade, Oz sabe que não pode ser senão uma fraude. A maior magia a que pode aspirar é a de Thomas Edison, a das imagens animadas. Assim, tudo vai bem até o momento em que se fica sabendo que a bruxa má na verdade era a bruxa boa e vice-versa.
A imaginação então se retrai e dá lugar a um colorido porém enfadonho embate entre bruxas, com Oz tomando o partido do bem, claro.
O clímax do filme, quando Oz coloca em ação sua "magia" (o cinema, em suma), recupera, ainda que parcialmente, o encanto proposto no início: Oz poderá enfim demonstrar que não é uma fraude. Mas para chegar a isso, aquele malandro cheio de encantos do princípio, aquele enganador (de mulheres, em particular) deve se retrair à condição de bom moço.
Com o tempo, notamos que está bem assim: a estreiteza de propósitos, o espírito Disney que paira sobre o reino de Oz, não faria bem a Depp. Daí a sensação ambígua que pode experimentar em dado momento o espectador deste filme de Sam Raimi: às vezes podemos pensar que tudo seria muito mais encantador se Johnny Depp estivesse no lugar de James Franco.
Nisso, os elementos mais icônicos daquele clássico ficaram proibidos ao cineasta, que teve de trabalhar sob a constante supervisão dos advogados do estúdio.
A decisão de filmar o prólogo no mundo real em sépia e no formato 4×3 foi magnífica, fazendo uma bela conexão entre as duas fitas -era em preto e branco até o momento em que Doroty chegou a Oz. O uso do 3D é interessante, mas não existe nenhum momento-chave em que este se mostre imprescindível.é como se fosse filme antigo.