"Oz: Mágico e Poderoso" parte de uma premissa bastante interessante, a de um prequel do clássico absoluto da dos anos 30, que poderia gerar uma pérola cinematográfica, caso tivesse sido pensado pra ser algo além de um filme infantil bobo e esquecível.
Sam Raimi ainda tem muito crédito comigo, então até esperava que fosse sair uma coisa interessante desse projeto. Me animei quando ele ingressou no projeto, mas não deveria. Parece que o diretor deixou o filme ainda mais equivocado do que ele poderia ser.
Bom, diretor de atores ele nunca foi e todo mundo sabe. Então, é compreensível que James Franco esteja tão medíocre no papel. Ele até tenta, tem cenas muito boas que salvam certas coisas no filme, mas jamais sustenta tanta incoerência narrativa. São situações fakes criadas sem o menor pudor, plots twists que não fazem sentido, e nem conflito de verdade o filme tem, pelo contrário, toda a batalha travada pelas bruxas de Oz soa extremamente banal, pra não dizer sem sentido.
As atrizes que fazem as personagens antagônicas do filme merecem um destaque a mais. Não por estarem boas, mas sim, por atuarem extremamente mal. Michelle Williams ao menos não é uma surpresa, afinal, ela é mesmo uma atriz MUITO sem graça, além da mais fraca apadrinhada por Hollywood nesse milênio, e aqui não faz absolutamente nada diferente do que vem fazendo desde que surgiu: tentativas fracassadas de emocionar (apesar de não atingir um tom diferente sequer), irrisórias construções de personagens e uma incapacidade fora do comum de emitir expressões faciais. Mas a decepção mesmo vem em Mila Kunis, que é uma atriz tão interessante, mas aqui erra, e feio, na tentativa de criar uma personagem completamente boa, chegando a gerar duvidas sobre suas reais intenções (tamanha superficialidade de reações). Sua cena de choro quando descobre estar "abandonada" por Oz é uma candidata fortíssima a maior vergonha-alheia do Cinema em 2013. Pelo menos há Rachel Weisz, tentando nuançar uma personagem jogada num roteiro que não dá a mínima base para isso. Além de em certo ponto do filme, ser totalmente esquecida (por que ela aceitou fazer esse papel mesmo?).
A decisão de transpôr a imagem do inicio do filme para o Preto & Branco, numa clara alusão às produções da época do filme original é louvável (o momento em que finalmente vemos as imagens em colorido é muito bonito e EXTREMAMENTE bem feito), porém não se justifica por não passar de uma introdução manjada. A personagem de Michelle Williams, por exemplo, surge ali, e depois em Oz novamente, e simplesmente NÃO EXISTE menção alguma de explicar o porquê daquele ser surgir no filme de novo. E olha que a dúvida persiste em Oz logo quando a revê pela primeira vez. A impressão que dá é que os roteiristas simplesmente esqueceram que aquilo existiu, ou simplesmente negligenciaram, numa clara subestimação da inteligência do espectador.
Esse filme, aliás, tem uma das coleções mais DETESTÁVEIS de personagens secundários que eu já vi em um filme de fantasia. O anão Knuck é o rabugento clichê que é sempre trollado de alguma forma, o macaco que serve como um sidekick para o protagonista tem umas tiradas absurdamente sem graças (como todo o texto do filme, diga-se de passagem) e é muito - muito mesmo - desnecessário e a boneca China Girl é inacreditavelmente INSUPORTÁVEL. Em certos momentos senti uma vontade absurda de tacar aquela boneca na parede e despedaçá-la de uma vez.
Esse apêndice de O Mágico de Oz parece ser muito diferente dentro da filmografia de seu diretor, porém não é tanto. A bruxa completamente má que nasce em Theodorah é típica de Raimi, seus gritos em alto e bom tom: idem. A transformação final de Evanora em uma velha caindo aos pedaços (literalmente) também, inclusive com os closes no rosto que o cineasta faz funcionar tão bem em seus clássicos "terrir". Só se esqueceu que esse aqui não era pra ser encaixado nesse gênero, muito pelo contrário, seus exageros só fazem estragar o que já estava ruim, já que o uso do CGI com tanta força (que em certos momentos deixa a desejar) simplesmente não combina. Até a alusão a Tomas Jefferson é mal usada.
E é triste, uma verdadeira lástima que um filme tão absoluto e atemporal quanto O Mágico de Oz, de Victor Fleming, tenha sido lembrado e homenageado dessa forma tão porca e descaradamente mercenária.