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    A Alegria
    Críticas AdoroCinema
    3,0
    Legal
    A Alegria

    UM FILME DE SUPER-HERÓIS?

    por Lucas Salgado

    As peças de divulgação - trailer, pôster etc - de A Alegria deixam claro: um filme de super-herói! Tal afirmação deve surpreender muita gente, desde aquele leigo que passa pela porta do cinema àquela pessoa que já viu o longa, mas não deixa de fazer muito sentido. Deixando de lado a analogia barata de que se fazer cinema de baixo orçamento no Brasil é coisa para super-herói, deve-se reconhecer que por mais que a personagem principal, Luiza, não tenha sido retirada de quadrinhos da Marvel ou da DC, a mesma possui sim elementos de heroína. A diferença é que ao invés de enfrentar um arquivilão, ela luta contra o universo opressor ao seu redor e contra a sensação do adolescente de que só este mundo não é o bastante para ele.

    Tenho sérios problemas com A Fuga da Mulher-Gorila, primeiro longa de Felipe Bragança e Marina Meliande, o qual considero mais um exercício estético do que algo com estrutura narrativa e, principalmente, qualidade técnica eficiente, mas devo admitir que A Alegria me cativou com alguns de seus elementos. O filme possui atuações marcantes do quarteto jovem formado por Tainá Medina, Rikle Miranda, Flora Dias e César Cardadeiro - único que já tinha experiência como ator - e conta com um roteiro que mantém o espectador curioso e interessado por boa parte da produção.

    A Alegria é o segundo filme da chamada trilogia Coração no Fogo - iniciada como A Fuga da Mulher Gorila e concluída com o projeto coletivo Desassossego - e conta a história de Luiza (Medina), uma menina de 16 anos que não aguenta mais ouvir falar no fim do mundo. Em uma noite de Natal, seu primo João (Junior Moura) é baleado misteriosamente e desaparece no meio da madrugada. Semanas depois, enquanto Luiza passa dias sozinha no apartamento onde vive com sua mãe no Rio de Janeiro, recebe a visita do primo, que pede para se esconder ali. Ela compartilha o segredo com os amigos Fernando (Cardadeiro), Marcela (Dias) e Duda (Miranda), e juntos irão abrigar João neste momento de dificuldade.

    O elenco conta ainda com as presenças das ótimas Maria Gladys (Não Se Preocupe, Nada Vai Dar Certo) e Mariana Lima (A Suprema Felicidade), mas é inegável que boa parte de sua força está na química marcante entre os quatro atores mais novos. A sensação de naturalidade que eles passam para um universo tão fantasioso é um dos grandes atrativos da produção.

    Exibido na Quinzena dos Realizadores do Festival de Cannes 2010 como The Joy, o filme foi orçado em R$ 750 mil e foi o primeiro de Bragança e Meliande a conseguir sair do percurso dos festivais e de fato estrear no circuito comercial brasileiro.

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