Certamente já ouviram falar de Seth MacFarlane, criador de algumas das séries animadas mais irreverentes da actualidade televisiva, “Family Guy”, “American Dad” e “The Cleveland Show”. Seth MacFarlane é um indivíduo que não tem medo de dizer aquilo que pensa através das suas criações e que, como consequência disso, já subiu ao topo da lista dos homens mais odiados pelos conservadores norte-americanos. De facto, o humor de MacFarlane é tudo menos convencional, havendo mesmo quem o ache totalmente ordinário. O filme “Ted” marca a estreia deste jovem produtor/realizador/argumentista nas longas-metragens com actores de carne e osso, contendo “Ted” exactamente o mesmo tipo de comédia das séries animadas.
John (Mark Wahlberg na versão adulta da personagem) é um menino com enormes dificuldades em fazer amizades, como consequência disso passa a maioria do seu tempo sozinho, arrastando-o para um isolamento nada saudável. Para colmatar esta falta de companhia, John constrói um elo muito forte com um ursinho de peluche que lhe é oferecido no Natal e que ele apelida de Ted (Seth MacFarlane). Numa noite aparentemente normal, John deseja que o seu melhor amigo ganhe vida própria, para que possa brincar, falar e acima de tudo o acompanhar pela sua vida fora. Na manhã seguinte, eis que o urso começa a andar e a falar como se fosse um ser humano, apanhando a família do rapaz verdadeiramente de surpresa. Encarado como um milagre de Natal, Ted rapidamente se torna um ídolo da nação, comparecendo em talk-shows televisivos e assinando autógrafos por onde passa. O tempo passa a voar e é depressa que John se torna num trintão com dificuldades em abandonar o espírito infantil de Ted, o que lhe provoca alguns dissabores e dúvidas na relação amorosa que mantém com Lori (Mila Kunis).
“Ted” enquanto comédia é brilhante, levando os espectadores a rir abundantemente durante toda a duração do filme, cerca de 106 minutos. Habilmente, MacFarlane mistura humor proveniente das asneiradas do ursinho e de algumas sequências físicas, deixando a nu um tipo de comédia tipicamente gratuito e até mesmo ordinário. Há qualquer coisa de especial no acto de ver um ursinho de peluche (sempre associado ao carinho e/ou afecto) a cuspir asneiradas como se não houvesse amanhã e a fumar ganza até cair para o lado.
Quanto às interpretações não há grandes coisas a referir, Mark Wahlberg esteve bastante bem no papel de um jovem irresponsável. Já Mila Kunis fez mais do mesmo, interpretando mais um papel cómico, como de resto nos tem vindo a habituar nestes últimos anos. A “interpretação” que merece mais louvores é mesmo a do pequeno urisnho Ted (voz de Seth MacFarlane), pois é nele que se foca toda a essência do filme, bem como todos os melhores momentos.
Ted é, por isto, uma comédia bem-sucedida, que agradará aos fãs do género e, particularmente, aos fãs do humor de MacFarlane. Sendo esta a sua primeira aventura para o grande ecrã, não desilude.