Guy Ritchie está de volta. Depois de filmes loucos como Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes e Snatch – Porcos e Diamantes, que têm um humor bem característico, além de ritmo, estilo e narrativa bem interessantes, ele dirigiu o péssimo Destino Insólito com sua então esposa Madonna. Depois, ele fez alguns filmes que não chamaram muito a atenção do público até que se aventurou com Robert Downey Jr e Jude Law em novos filmes do Sherlock Holmes. Agora, ele se arrisca numa antiga série de TV que narra a junção de dois agentes que se detestam, mas que são os melhores em suas respectivas missões: um americano da CIA e outro russo da KGB. No filme de Ritchie, eles são inimigos que acabam sendo forçados a solucionar uma missão internacional envolvendo uma bomba nuclear que está sendo desenvolvida por uma mulher que lembra muito a Paris Hilton, só que vilã. Tudo bem que não há nada de original no roteiro, que aliás foi de co-autoria do diretor/produtor. Mas o que importa aqui não é a originalidade, e sim a criatividade e manejo dos personagens e situações em que eles se encontram. Além de uma narrativa afiada, piadas muito bem pensadas e um elenco excelente, o filme consegue achar o tom certo entre comédia de erros e filme de ação. Embora os stunts não sejam tão impressionantes como outros filmes de agentes como Missão Impossível ou 007, o que vale mais aqui são os personagens, muito bem delineados e interpretados de maneira bastante cativante. Os dois astros/galãs em ascensão dão muito bem a conta do recado. Mesmo sendo canastrões e caricatos, Henry Cavill como o mulherengo americano com ares de super homem (trocadilhos à parte), e Armie Hammer como o russo brucutu com suas crises para controlar seus nervos, os dois têm carisma de sobra para começar até mesmo uma nova franquia. Pena que eu acho que isso não vá ocorrer, mesmo com o final deixando espaço para isso. Pelo que eu li, a recepção ao filme foi apenas morna. Uma pena, pois há potencial para filmes bem mais interessantes do que os filmes genéricos com Ethan Hunt e outros agentes que vemos pipocar de vez em quando por aí. Ah, e ainda há a ponta de luxo de Hugh Grant, talvez o personagem pior aproveitado no filme. Contudo, é um filme que prende a atenção do início ao fim, cativa e traz ótimos momentos cômicos. Ótima diversão despretensiosa.