Sem espaços: h t t p s : / / rezenhando . wordpress . com /2018/06/15/rezenha-critica-o-homem-elefante-1980/
Um dos filmes mais lindos, sensíveis e triste que já foram feitos e que tive o privilégio de assistir, coitado daquele que dorme em filmes como esse e sai por aí criticando. David Lynch + Anthony Hopkins + John Hurt destroem em suas respectivas direção e atuações resultando em uma obra prima do cinema, ainda por cima gravado em preto e branco, deixando tudo artisticamente ainda mais perfeito. Confiram a “rezenha” crítica de O Homem Elefante.
A história é de John Merrick, um desafortunado cidadão da Inglaterra vitoriana que era portador do caso mais grave de neurofibromatose múltipla registrado, tendo 90% do seu corpo deformado. Esta situação fez com que ele passasse toda a sua existência fosse exibido em circos como um monstro. Frederick Treves o descobriu e o levou para um hospital para ser tratado.
Tão tocante como O Menino do Pijama Listrado, e uso este como objeto de comparação por ser mais conhecido. Ambos tem um clima pesado e muito triste, mas a inocência e o amor verdadeiro transcendem qualquer barreira tentando transmitir que se nos esforçarmos um pouco poderíamos ser tão bons como John Merrick, o mesmo tinha tudo para de fato ser um monstro, mesmo se sua aparência não remetesse isso. Sempre foi mal tratado, passou fome e e fora rejeitado por todos, inclusive por sua mãe ao nascer, todos achavam que John era um débil mental por não conversar, mas quando no sentido figurativo a flor começa a desabrochar o filme dá uma guinada emocional incrível.
Impossível conter as lágrimas em alguns comentos, cito aqui alguns: Quando John recita o Salmo 22 da Bíblia para o médico e o diretor do hospital. Quando o mesmo começa a chorar porque não estava acostumado a ser bem tratado por mulheres bonitas e também quando John troca fotos de família com a esposa do médico, sério gente, chorei horrores tamanha a ingenuidade, simplicidade e não menos, uma cena belissíma, que dá gosto de ser fã dessa sétima arte mais conhecida como o cinema.
Um show de atuação, direção, maquiagem e fotografia, deixando tudo ainda mais top por causa da perfeita iluminação em preto e branco. Quando o médico começa a entrar em conflito consigo mesmo é um dos momentos mais intensos do filme porque muitas vezes o mal se disfarça de atos que nós julgamos ser bons, fora o grito de liberdade que John Merrick solta na emblemática cena do metrô londrino.
Eu já estava muito envolvido com a obra, nem estava ligando muito para a trilha sonora que era pontual mas nada fora do comum, até que de repente começou a tocar Adagio for Strings, arrepiei, não foi um segundo depois e nem um segundo antes, exatamente na primeira nota deste clássico instrumental a lágrima começou escorrer deliberadamente. David Lynch ali alcançou o instinto superior de direção, algo que só muitos anos depois, mais precisamente trinta e oito anos, voltou a conseguir com a terceira temporada de Twin Peaks (confiram “rezenha” aqui) no episódio onze, dezesseis e dezessete.
O Homem Elefante é uma obra prima que precisa ser assistida e revista pelo menos uma vez, não por ser complexa, talvez seja até o filme mais linear e são de Davd Lynch, seria mais por uma questão de apreciação e celebração mesmo. O amor pleno, gratidão, libertação e uma certa tendência aos conceitos que Lynch empregou em Twin Peaks alguns depois podem ser admirados no final do filme, com a imagem da mãe de John translúcida no céu estrelado, muto parecido com o icônico retrato de Laura Palmer!
“Descobri que tenho uma vida plena pois sei que sou amado.”
”
Merrick: Eu realmente achava que, aquele OGRO nunca sairia do calabouço.
Doctor: Você realmente se divertiu.
Merrick: Oh, foi maravilhoso!!!
“
“As pessoas tem medo daquilo que não conseguem entender.”
Iria assistir de novo? Sim, com certeza!
Minha nota é 5/5.