ACENDAM AS LUZES!
por Lucas SalgadoEmile Hirsch é um ator de uma curta carreira, mas que ficou marcado por escolher muito bem seus trabalhos. Despontou na comédia Show de Vizinha e em seguida brilhou nos dramas Alpha Dog, Na Natureza Selvagem e Milk - A Voz da Igualdade. Em 2008, estreou como protagonista de um blockbuster com Speed Racer, mas depois disso viu a carreira esfriar um pouco. A Hora da Escuridão era para ser o seu grande retorno à Hollywood, mas este ficou para depois. O novo longa é uma sucessão de equívocos narrativos e estéticos, e muito dificilmente irá convencer o público sedento por uma ficção científica de ação de boa categoria.
O filme é dirigido por Chris Gorak, que atuou por muitos anos como diretor de arte, tendo realizado trabalhos marcantes em Medo e Delírio, Clube da Luta e O Homem Que Não Estava Lá. Infelizmente, o cineasta não trouxe nem uma concepção artística diferenciada para este novo projeto. A Hora da Escuridão possui efeitos especiais ultrapassados, que por sua vez estão inseridos em uma história batida e nada importante.
Relembrando em alguns momentos a bomba Skyline - A Invasão, o longa traz alienígenas invadindo a Terra em busca de reservas energéticas. Todos os elementos adotados já foram vistos em filmes anteriores, tanto nos bons (Guerra dos Mundos), quanto nos ruins (Invasão do Mundo: Batalha de Los Angeles). Além disso, conta com uma imensidão de conceitos que vão se sobrepondo com o andamento da história. A todo momento ganhamos uma informação nova sobre como combater os seres e sobre como se esconder deles.
Hirsch é Sean, um sujeito que viaja para Moscou na companhia do amigo Ben (Max Minghella). Lá, encontram Natalie (Olivia Thirlby) e Anne (Rachael Taylor), duas mochileiras de passagem pela Rússia. Os quatro são obrigados a se unirem ao verem o planeta ser invadido por criaturas extraterrestres. O elenco principal é esforçado, mas não consegue nem de perto salvar a produção. Fala em escuridão, mas só assusta mesmo ao apresentar um número mirabolante de clichês cinematográficos. Já na primeira cena vemos Sean jogando um game no celular em que tinha que destruir criaturas de outro mundo. Obviamente, isso já é o suficiente para colocá-lo como potencial salvador do mundo.
Trazendo efeitos em 3D desnecessários e uma trilha sonora em parte copiada de A Origem, o novo filme é ruim até na escolha do título, tendo em vista que os momentos mais perigosos da trama acontecem na hora menos escura, ou seja, durante o dia.
The Darkest Hour (no original) foi produzido por Timur Bekmambetov (O Procurado), que foi mais bem sucedido ao criar uma ação sombria nas produções russas Guardiões da Noite e Guardiões do Dia. Aqui, mostra milhares de assassinatos sem causar nenhum impacto. Curiosamente, a morte mais sentida na trama é a de um cachorro.
Em meio a toda escuridão, a torcida durante a sessão do filme é para que as luzes sejam acesas. Não dentro do filme, mas sim na própria sala de cinema. Se não bastasse a fórmula clichê, as situações ridículas e uma série de personagens desnecessários, também "ganhamos" um final ordinário que tem a ousadia de sugerir uma continuação. Felizmente, o fracasso nas bilheterias dos Estados Unidos, onde arrecadou US$ 3 milhões em seu final de semana de estreia, praticamente garante a desistência em realizar uma sequência. De qualquer forma, ainda vale a torcida para que tal ideia seja morta e enterrada. Emile Hirsch, Max Minghella e Olivia Thirlby já demostraram possuir talento e carisma em projetos anteriores, restando esperar que escolham melhor os próximos trabalhos.