“Tão forte e tão perto” está vinculado ao 11 de setembro, mas não ao atentado em si, e sim às suas consequências em uma determinada família. Thomas Shell (Tom Hanks) e sua esposa, Linda (Sandra Bullock), têm um filho, Oskar (Thomas Horn), um garoto com várias manias e medos e uma possível Síndrome de Asperger. Este transtorno é o mesmo que muitos suspeitam que Dr. Sheldon Cooper, da série “The Big Bang Theory”, tenha, e uma de suas principais características é a dificuldade de socialização. Oskar apresenta esse sintoma e, por isso, seu pai cria diversas situações com o intuito de fazê-lo conversar com variadas pessoas. A mais recente invenção é o “Distrito 6”, que ficaria, já em ruínas, abaixo da cidade de Nova Iorque. A busca por vestígios do local concentra boa parte do tempo do garoto e reforça seus laços com o pai, até que ocorre uma fatalidade:
Thomas morre no “pior dia”.
O filho mostra-se inconformado, assustado, às vezes até agressivo, e seu comportamento só piora à medida que o tempo passa.
Ele sente que suas lembranças do pai estão sumindo,
e nos conta isso por meio de uma fantástica comparação com o tempo que levaríamos para notar a explosão do Sol.
Buscando prolongar o legado de seu genitor em sua vida,
Oskar termina por achar uma chave dentro de um pequeno pacote, no qual está escrito “Black”, que estava, por sua vez, dentro de um vaso azul, e parte, então, para uma nova empreitada:
descobrir o que o pai queria que ele abrisse com aquela chave.
Muito esperto, o menino faz um diagrama (CZI, em inglês), separando por áreas da cidade todos que têm o sobrenome Black, o que resulta em 216 diferentes casas para visitar. Evitando todos os seus medos (de transportes públicos, idosos, pessoas correndo, aviões, coisas altas, coisas que podem prender, barulhos altos, gritos, choros, pessoas com dentes feios, mochilas sem dono, calçados sem dono, crianças desacompanhadas, fumaça, pessoas que comem carne, pessoas olhando para cima, torres, túneis, coisas rápidas, coisas com luzes e coisas com asas), Oskar vai, aos poucos, conhecendo cada um dos Black, vivendo diversas experiências e guardando-as, por meio de fotos, em um caderno. Ao final, depois de muito andar,
o menino descobre a qual fechadura pertence a chave, melhora sua relação com a mãe, enfrenta muitos de seus temores – até porque é forçado pelo companheiro de “missão”, “o inquilino” – e, de fato, consegue mais lembranças de seu pai para guardar, ou seja, cumpre seu objetivo.
Dois aspectos poderiam ter sido tratados com mais cautela neste filme:
a questão do “Distrito 6”, que foi deixada de lado durante quase todo o longa e fracamente retomada no final, e a relação de Oskar com a mãe, que mesmo depois de ter “melhorado”, continuou bastante fria (não é defeito de atuação, é de roteiro e direção; Bullock, assim como o resto do elenco, trabalha bem aqui).
A abordagem de diversas culturas e a falta de preconceito do garoto são, com certeza, os pontos mais altos,
além do próprio enfrentamento dos medos, importantíssimo na vida de qualquer um.
Agora, #QueremosMaisFilmesComThomasHorn