A forma de viver vai, a cada dia, se tornando mais complicada. Tudo deveria se pautar pela simplicidade, clareza e naturalidade que regem as leis primordiais da Criação, estabelecidas para promover a paz, o progresso e a felicidade. Quando as pessoas não entendem a vida, geralmente ficam sujeitas a instabilidades e descontentamento, pois a vida é um dom a ser comemorado diariamente com gratidão, alegria e responsabilidade.
No filme O dono do Jogo, Bobby Fischer, (Tobey Maguire) nascido no ano de 1951, no Brooklyn, Nova York, teve uma infância atribulada por ter sido criado pela mãe, sem ter conhecido o pai, fato tido como algo abalador para a cultura ocidental. No entanto, a graça de estar vivo permanece acima de tudo o mais que estipula a conceituação terrena. Viver é uma nova oportunidade para um espírito humano que deve ser aproveitada para a evolução.
Para compensar a insatisfação e descontentamento com a vida, Bobby entregou-se de corpo e alma ao jogo de xadrez, querendo nele encontrar a verdade que todas as pessoas têm de procurar. Mas a verdade é algo muito amplo; está acima do tempo e espaço, e não será encontrada só com o uso do cérebro, requer todo o potencial do ser humano que se insere no seu espírito. Os delírios de Bobby Fischer decorreram da vaidade e do abuso contra o cérebro, um órgão inigualável, mas cujos limites devem ser respeitados, e o bom funcionamento depende da integração com o eu interior com seus lampejos intuitivos.
O jogo de xadrez abre janelas, estimula o raciocínio, gera sensação de grandeza. O cérebro em si é árido e, se turbinado, estressa, precisa do sono para se recuperar. O seu adversário russo, Boris Spassky (Liev Schreiber), apresentava-se mais ponderado, mas vaidoso e arrogante, também se julgava o melhor do mundo. Forçando o cérebro diuturnamente, jogando mentalmente, Bobby acentuou a sua tendência neurótica, acabando por atrair doenças, perdendo o foco da vida real, distanciando-se cada vez mais da essência humana e da Verdade sobre a vida.