Clint Eastwood como republicano busca em seus filmes temas em que a moralidade da sociedade está em dúvida. Os personagens em seus filmes buscam através de suas idéias justificarem seus atos para restabelecer, digamos, a moral. Neste filmes temos, mas um exemplo. Aqui, ele nos trás uma cinebiografia e faz com que conheçamos a figura de J. Edgar Hoover.
Nosso protagonista interpretado por Leonardo DiCaprio foi o chefe do FBI durante 48 anos. Esse feito foi realizado com seu empenho e sua capacidade de descobrir comportamentos, digamos inadequados, de pessoas publicamente expostas e de ir fundo para resolver casos difíceis de resolução. Mas J. Edgar escondia algo entre quatro paredes que poderia destruir sua imagem e, por conseguinte sua vida profissional. DiCaprio nos da uma boa interpretação, mas é Armie Hammer como Clyde Tolson que na minha opinião rouba as cenas. Ele é digamos um amigo imprescindível na ascensão de J. Edgar. Ele junto com sua fiel secretária Helen Gandy (Naomi Watts) garantem essa vida de 48 anos a frente do FBI.
Como republicano Clint Eastwood sempre procura tratar de assuntos que a violência ou os métodos nem tanto corretos são justificados para tentar manter a moralidade. O que ele nos passa nesse filme é que J. Edgar é essencial para manter a vida dos americanos dentro da normalidade, combatendo o mal custe a que custar. Nosso protagonista procura usar a figura de uma revolucionária como bode expiatório para trilhar seu caminho. É abordado aqui o tema que é predominante pós 11 de setembro. Por exemplo, os revolucionários aqui praticamente atuam como os terroristas. Para chamarem atenção procuram plantar bomba em alguns lugares. Em cada época existe para J. Edgar um movimento que está indo de encontro com a moralidade. Em casa conhecemos sua mãe, vivida por Judi Dench, uma mulher racista que deixa esse racismo transparecer para seu filho. Além disso, conseguimos perceber uma mãe que tem uma relação ainda muito próxima (não é comum como ele é tratado por sua mãe) de seu filho, mesmo ele com 24 anos, ela parece coordenar suas atitudes como se ele fosse uma criança. A cena em que ela guarda um recorte de jornal dentro de seu vestido consegue nos passar em imagens uma analogia de uma mãe que ainda amamenta seu filho.
Agora é intrigante como ele consegue manter uma relação homossexual com Tolson durante tanto tempo, sem que nenhum presidente ou digamos funcionário insatisfeito busque informações para tirá-lo do poder. Apesar de hoje as pessoas já assumirem a homossexualidade de forma mais tranqüila, naquela época, se alguém descobrisse seria o fim daquela pessoa. Os anos vividos por J. Edgar eram difíceis em termos de assumir sua homossexualidade. A pessoa que assumisse isso sofreria um enorme preconceito e se fosse uma pessoa pública, sua vida profissional não iria para frente. Ainda mais se fosse no FBI. É nesse ponto que, apesar do filme se tratar de uma biografia, não é abordado em nenhum momento alguém que busque destruí-lo profissionalmente. Nenhum presidente quis bater de frente com ele.
Enfim é um filme bom, apesar de ser um tema bem americano, mas procura manter sua homossexualidade de forma sutil o que não seria diferente se tratando de Eastwood.