Variações Sobre um Mesmo Tema
por Francisco RussoPor décadas o astro demonstrou sua força nas telas de cinema. São vários os exemplos de filmes salvos, financeiramente falando, graças à presença daquela estrela querida pelo grande público. Seguindo esta lógica, quanto mais astros um filme tiver melhor será seu retorno de bilheteria. Foi seguindo esta tática que, em 2010, chegou às telonas Idas e Vindas do Amor. Um filme repleto de nomes conhecidos em diversas histórias paralelas, todas girando em torno de um único tema: o amor em pleno Dia dos Namorados. O filme se saiu tão bem que gerou uma espécie de sequência. Não com os mesmos personagens ou histórias, mas mantendo a fórmula. Não é exagero dizer que Noite de Ano Novo é uma réplica de Idas e Vindas do Amor, só que com menos frescor.
Frescor este que vinha principalmente do roteiro. Por mais que houvesse várias histórias e os personagens meio que duelassem por espaço na telona, o desenlace de algumas delas surpreendia e demonstrava a boa condução do diretor Garry Marshall. Em Noite de Ano Novo ele repete a fórmula, sem a mesma qualidade. São oito – isto mesmo, oito – histórias de peso parecido espremidas em 118 minutos. É claro que, com tanto personagem em cena, há pouco tempo para desenvolvê-los de forma razoável. Sendo assim, em vários momentos há abreviações para acelerar acontecimentos, como ocorre principalmente na subtrama envolvendo Ingrid (Michelle Pfeiffer) e Paul (Zac Efron). A história como um todo acaba sendo sacrificada em nome de um número maior de astros na tela, que nem sempre fazem jus à presença. É o caso, especialmente, de Jon Bon Jovi.
Outro problema de Noite de Ano Novo é a mudança de enfoque. O tema principal está no próprio título, mas não é propriamente a virada de ano e tudo que gira em torno dela, como resoluções e a sensação de que um novo ciclo se inicia. O verdadeiro alvo é o Ano Novo em Nova York, e apenas lá. Desta forma há uma espécie de glorificação da cidade, não apenas na exaltação de suas tradições como na diversidade de atrações que oferece a moradores e turistas. A mudança pode parecer um detalhe ínfimo, mas não é. Mais do que um sentimento, o filme exalta algo que contém um forte apelo econômico, representado de forma precisa através dos vários patrocinadores presentes na festa em plena Times Square. Merchandising explícito, que acaba ofuscando o significado emocional da virada de ano.
Noite de Ano Novo enfrenta problemas devido ao grande número de histórias paralelas sem que nenhuma ganhe, de fato, profundidade. Da mesma forma os atores escalados representam estereótipos, sem o tempo necessário para qualquer mudança de rumo ao longo da história. De positivo há algumas brincadeiras bem-humoradas, como citações a Curtindo a Vida Adoidado, Tarde Demais para Esquecer e o próprio Idas e Vindas do Amor. Por outro lado, há também alguns diálogos sofríveis e situações exageradas, como o duelo das barrigas. Entre tantas variações sobre um mesmo tema, acaba sendo um filme morno e, em certos momentos, bem sem graça.