Avatar 2 e a Vida da Água
A continuação de Avatar, após um bom tempo, leva ao admirador de cinema, até a contemplação de cenas 3D. Isso, o filme é um ressurgir do 3D, ou das imagens que saem da tela. O filme tem esse atrativo, além de possuir uma história que se liga ao primeiro filme, apesar do tempo grande de uma versão para a outra. Semelhante ao cristão que renasce pela água do batismo, ou a Moisés, fundador da religião, que nasceu nas águas do rio Nilo, o espectador de Avatar 2 observa o renascimento dos personagens numa nova civilização, que vive na água.
Avatar 2 não é um filme curto. Ele possui em torno de 3 horas de duração. Desse modo, a arte merece reflexões que partem de temas como a diversidade e a inclusão, uma vez que a família do protagonista, Jake, tem 5 dedos nas mãos, incluindo a esposa, Neytiri, já considerados uma aberração pelos avatares, além de que sua filha, Kiry, sofre um certo bulling. Temas que envolvem a todos nós, não apenas no mundo do Avatar, mas em nossa sociedade. A filha apresenta dons paranormais e certa conexão maior com as coisas, um tanto mística.
Outro tema que aparece no filme Avatar 2 é o dos povos tradicionais, uma vez que os avatares, espécie de índios, ligados a natureza e que conversam com animais, são invadidos ou “descobertos” pelo povo do céu, que seria uma aparente semelhança com o homem branco “descobrindo” a América. O crime ambiental destrói o que aparece, para construir um local de nova casa para o povo do céu, e assim o povo originário da terra é praticamente expulso, ou morre na batalha, e sua mata destruída. A família de Jake assim foge e encontra um povo quase secreto, que vive nas águas e tem sintonia com animais semelhantes a baleias azuis, sendo que seu filho, Neteyam, faz amizade com uma dessas baleias, a qual depois ajuda com a batalha na invasão do povo do céu, quando chega com uma nave aquática. Esse renascimento pela água é semelhante ao batismo ou iniciação. O herói se torna um novo homem pelo batismo das águas. Avatar 2 explora ainda a temática de uma espécie de árvore da vida, na qual tem muitas memórias e uma conexão maior do povo com a natureza. Ainda tem certo romance dos filhos adolescentes, bem como brigas com os jovens da cidade das águas. Além de que um dos filhos morre e assim gera um drama, na guerra com o povo do céu, com o vilão, no caso Coronel Miles Quaritch.
O filme agrada pelos vários caminhos que toma, e pela tecnologia 3D e bom áudio. As cenas de ação são muito boas, como aquela do peixe gigante. Também o empoderamento feminino está na esposa de Jake, Neytiri, que enfrenta os homens do céu, estes armados com modernas armas de fogo, apenas com arco e flecha, mostrando a forte guerreira indígena, vencedora e imortal frente à batalha. Também o desempenho dos atores, que até seguraram o ar em mergulhos, reflete a seriedade do trabalho de diretor James Cameron, novamente uma boa produção em animação. Avatar 2 guarda muitas lições de vida, e ficaria extenso revelar todas aqui. A história do homem branco e dos povos tradicionais pode resumir essa história, em analogia aos alienígenas do filme.
Mariano Soltys, autor de livro Filmes e Filosofia