Primo pobre
por Renato HermsdorffNorm e os Invencíveis é Happy Feet - O Pinguim; é A Era do Gelo; é, também, Madagascar. Só não é original. Com uma relevante mensagem edificante, o filme da pequena Splash Entertainment – lançado internacionalmente pela ambiciosa Lionsgate – se apoia em um visual comum e um roteiro capenga, o que dá à produção um aspecto de primo pobre de seus pares.
O longa-metragem é protagonizado por Norm, um urso polar do Ártico sem vocação para a vida selvagem, que domina a estranha habilidade de poder se comunicar com humanos. Quando o Sr. Greene, um agente imobiliário, resolve explorar comercialmente a região, com a ajuda de sua diretora de marketing – por sua vez, mãe de uma doce menininha –, caberá a Norm e os invencíveis (três lêmingues “indestrutíveis”) viajar para Nova York para tentar impedir que o ecossistema, lar desses animais, seja alterado.
Você já viu esse filme antes. O herói inadequado – ou anti-herói – (como em Happy Feet, ainda por cima, “da neve”) embarca em uma aventura em grupo – ajudado por coadjuvantes que roubam a cena (assim como em A Era do Gelo, aqui, esse papel cabe aos lêmingues, que têm as melhores “tiradas”, mesmo mudos – alguém pensou em Minions?) para salvar seu povo, vítima da especulação imobiliária (em uma inversão, que remete a Madagascar).
E, mesmo já o (esse filme) tendo visto, você o experimentou com uma qualidade melhor, acredite. Norm of the North (no original) se baseia em um visual bacana, mas também comum, que nada acrescenta ao gênero. Mas é o roteiro o principal iceberg (com o perdão do trocadilho) no caminho do longa de estreia de Trevor Wall.
O texto é apelativo, abusando de dancinhas “fofas”, criança “fofa”, momento-pum “fofo”; e displicente: os conflitos se resolvem sem necessariamente serem solucionados, simplesmente porque o público espera por (e até merece) respostas. Porém, como se chega até elas, não é nem um pouco convincente. E, dessa forma, fica difícil se apegar.