Fique calmo, o filme não é moralista (bem pelo contrário) e também não pretende mostrar o quão belo é o cristianismo em si. Se seu medo de assistir o filme é que vai ser um banho de moralismo pode ficar tranquilo, que o negócio dele é bate pesadão.
O filme trás a proposta de um homem extremamente bipolar – Começa o filme mostrando um desagradável homem, drogado (heroína), abusivo com sua família, extremamente mal educado e desempregado. Em outro momento, mostra um marido compreensivo, uma carreira ascendente no ramo de construções de casas, sem drogas, filantropo e carismático. Mas como se sabe, o passado é difícil de mudar e por mais que se tente ser bonzinho, sempre sobra alguma coisa do lado malvado, e é isso que o filme explora com vigor.
Após o seu chamado missionário para a África, ele toma partido na guerra política da região do Sudão, vale lembrar que o nome original do filme é “Machine Gun Preacher” que em tradução livre, seria algo como “Pastor metralhadora” (Alguém me ajuda a pensar em um apelido para os tios que trocam os nomes dos filmes? Essa foi bem ridícula, trocar para “Redenção”).
Imagina-se então que ele vai para a África construir um ministério cristão para falar de Deus, de certa forma até pode falar de Deus, mas não é bem assim. Ao ver seu projeto de um orfanato em chamas (definitivamente, os inimigos militares da guerra civil atearam fogo em tudo) ele resolve que não vai ficar de braços cruzados e resolve pegar na arma (?) e sair para proteger o povo junto com os militares pacificadores do Sudão.
A partir de então, o “Pastor” se torna um Rambo de Jesus, que acaba por negligenciar sua família e sua situação financeira (pois mantém o trabalho na África praticamente com sua renda própria) e aqui caímos em outro problema do filme: Como não há noção de tempo, pouco há noção de COMO ele conseguiu tanto dinheiro. E um poder sobrenatural para construção de casas.
Após uma crise pessoal, ele questiona a existência de Deus, o seu lado ‘malvado’ mostra todas as suas façanhas no momento em que ele nota o quão destrutivo para sua família está sendo o trabalho na África: Esqueceu a data de aniversário da filha, a formatura e a ida para Universidade dela. Além de agir com agressividade com sua esposa...
Entre idas e vindas dos Estados Unidos, ele retorna sua fé em Deus e continua sua guerra santa, tendo que muitas das vezes matar para permanecer vivo, assim como para manter outros vivos. Achei o filme bem ‘fake’ nos conflitos (cinematograficamente falando), mas quanto ao enredo achei bem forte e pois mostra a realidade deles (até porque o filme é baseado em fatos reais), a trilha sonora não me marcou, os diálogos um poucos vagos. Achei a atuação do personagem principal muito boa, assim como a dos outros militares e das crianças.
Acho que um dos grandes problemas do filme, que eu senti ao menos, é a falta de um ‘guia espacial’, como posso dizer, perde-se a noção de tempo com o decorrer do filme. Ele vive num vai e volta da África para os EUA e neste intervalo não se tem ideia do tempo que passa. No início ele segue muito rápido, e depois não se tem noção de filme.
Eu sou um pouco contra essa história de paz armada, e tenho contato direto com missões de verdade (pois a Igreja Batista, tem projetos com esporte e tantas outras coisas na África e em outros lugares que inclusive sou colaboradora), o filme me decepcionou um pouco; Achei que tudo que o pastor queria era se redimir com Deus, em forma de barganha, mas que sua natureza não foi mudada, creio que sinta prazer em matar.